Pular para o conteúdo principal

De financiamentos de campanhas e legalização do jogo



Na semana passada o STF declarou inconstitucional a doação de empresas privadas a campanhas eleitorais. Em outro post, já havia mencionado que não se trata de uma boa ideia, afinal, quem vai pagar a conta? Das duas uma, ou vai sair de nosso bolso, o que em um país falido não deve cair muito bem, ou será institucionalizado o Caixa Dois.
Em uma notícia um tanto quanto correlata, também na semana passada começou-se a cogitar a legalização do jogo, leia-se bingos, cassinos, poker online. A ideia é taxar essas atividades e aumentar dessa forma a arrecadação do governo.

Dois comentários...

Primeiro: não sou contra o jogo legalizado, desde que bem fiscalizado, O que é o mesmo que dizer que sou contra o jogo ser legalizado no país. No Brasil, onde para tudo se dá um jeitinho, é praticamente certeza que será mais um mecanismo para lavagem de dinheiro, como aliás ocorreu quando os bingos foram legalizados anos atrás. Se em terras tupis se rouba em estatais, na merenda escolar, se mistura besteira no leite, o que nos levaria a crer que seria feita uma fiscalização rigorosa nos cassinos e bingos. Com tanto dinheiro rolando solto, vai ser a festa do caqui.

Segundo: Se as doações de empresas privadas forem mesmo proibidas, a fonte preferencial para o Caixa Dois (sim, vai continuar acontecendo, mais na ilegalidade ainda) não seria o dinheiro vivo, cash? E quais seriam as melhores fontes de grana em espécie? Fácil: igrejas (amém!), tráfico de drogas e.... justamente, bingos e cassinos. Corremos o risco de candidatos comprometidos com esse povo gente boa, traficantes evangélicos que curtem apostar no vermelho 15.

Arrisco-me a dizer que teremos saudades do dinheiro das empreiteiras.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O consumo de sorvete e os afogamentos

Muito cuidado precisa ser tomado ao se analisar pesquisas e manchetes de jornais que associam alguma coisa a outra. Explico-me: quando lemos na internet que, por exemplo, comer vegetais faz a gente viver mais, é preciso ser crítico ao entender como se chegou no resultado, ou se apenas estão querendo chamar sua atenção com a manchete (como eu tentei fazer, inclusive). Quando estudamos duas variáveis, e percebemos que o movimento de uma acompanha o da outra, diz-se que as variáveis são correlacionadas. Por exemplo, em dias de maior número de afogamentos nas praias os vendedores de picolés também faturam mais. Isso quer dizer que sorvetes podem fazer você se afogar? Ou que as pessoas que estão acompanhando o resgate se entretém tomando um picolé? Para esse exemplo, é fácil perceber que em dias quentes tem mais gente nas praias, que tomam mais sorvete, e que também infelizmente acabam se afogando mais. Mas tomem a notícia abaixo: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/55

O Girassol e a Lua

Se eu fosse Esopo , escreveria algo mais ou menos assim... Era uma vez uma plantação de girassóis, nos confins da Holanda. Todos os dias, seguiam a mesma rotina, acordavam cedo, com o nascer do Sol, e realizavam todas suas atividades diárias. Tiravam água e nutrientes do solo, faziam sua fotossíntese, e giravam. Sempre lá, apontando para o astro rei, desde o amanhecer até que ele se escondesse.  Todos menos um, que preferia a Lua. Baladeiro, dormia o dia todo, pra ficar acordado de noite, na boemia, seguindo a Lua.  No princípio os amigos girassóis se solidarizavam com o companheiro dorminhoco, achavam que era algum tipo de doença ou distúrbio, e davam uma força girando o festeiro em direção do Sol. Até que um dia umas formigas bem das fofoqueiras começaram a fazer futrica, perguntando porque ajudavam o cara que ficava a madrugada toda bagunçando, tocando sambas do Pixinguinha e não deixando ninguém do formigueiro dormir em paz. Pararam de ajudar, e o girassol da noite co

A Lua - Emily Dickinson

Para um dia de lua cheia, como hoje The Moon by  Emily Dickinson   (1830 – 1886) The moon was but a chin of gold A night or two ago, And now she turns her perfect face Upon the world below. Her forehead is of amplest blond; Her cheek like beryl stone; Her eye unto the summer dew The likest I have known. Her lips of amber never part; But what must be the smile Upon her friend she could bestow Were such her silver will! And what a privilege to be But the remotest star! For certainly her way might pass Beside your twinkling door. Her bonnet is the firmament, The universe her shoe, The stars the trinkets at her belt, Her dimities of blue.