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Cultos evangélicos para homossexuais, uma abordagem econômica


Leio que um casal de pastores evangélicos acaba de finalizar a primeira catedral gay do país, onde será respeitada a opção sexual dos crentes, estando aberta a heterossexuais e homossexuais indiscriminadamente.
Adoraria acreditar que este é o primeiro passo em direção a uma sociedade onde prevaleça a tolerância, cuja falta só causa violência e morte em todo o mundo. Mas, dado o histórico desse tipo de religião, e de seus representantes no Congresso Nacional, por exemplo, estou mais tentado a crer que trata-se de um clássico exemplo de discriminação de preços.
Na teoria econômica clássica, o preço de um dado produto é dado pela intersecção entre a demanda e a oferta, ou seja, o preço que a média dos consumidores quer pagar, e que a média dos produtores quer ofertar. Justamente por ser a média, alguns consumidores estão dispostos a pagar menos que a média, não consumindo o tal produto.
Eu um mundo ideal para os produtores, eles saberiam exatamente quanto cada consumidor está disposto a pagar, e cobraria justamente esse preço, desde que o mesmo fosse maior que o custo de produção. Esse processo chama-se discriminação de preços, e é aplicada por exemplo quando algum restaurante ou hotel se associa a sites de compras coletivas. Os prestadores de serviços discriminam o preço, exigindo dos consumidores um certo esforço para correr atrás dos descontos.
O serviço prestado pelos cultos evangélicos é o conforto espiritual. O preço: o dízimo, e a aceitação das doutrinas lá pregadas. Como em geral os cristãos consideram homossexuais como pecadores, o custo para os mesmos frequentarem os cultos é muito alto, pois teriam que conviver com outros que os consideram pecadores, querendo "convertê-los" ou "curá-los".
Mas por outro lado, os evangélicos deixam de vender seus produtos a esse público, perdendo aí uma oportunidade de arrecadação. Como resolver? Começar a aceitar os "pecadores" homossexuais seria custoso demais, pois desagradaria a maioria de fiéis, auto declarados heterossexuais, que vivem sem pecados e seguindo os ensinamentos de Deus (Sarcasmo, para quem não notou).
A solução foi simplesmente genial: um templo aberto a homossexuais e a quem não considere os gays filhos do coisa ruim. Dessa forma, o preço do serviço prestado é menor para essas pessoas, que passam a frequentar a catedral gay e deixar lá mensalmente um décimo de seus salários, em nome de Jesus. Dízimos que antes iriam para os sustentos de suas famílias, agora caindo nas contas isentas de tributos que financiarão mansões, carrões, campanhas políticas. Amém !  


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