Da série : Tirando você mesmo, ninguém sabe exatamente quem você é. Ou o que você pensa.
Pastor Rodésio é deputado, prega em seus sermões e no plenário em favor da família brasileira. Da boca pra fora, homofóbico. Tradição, família e propriedade. Na madrugada de Brasília pede a seus assessores que busquem travestis bem dotados, com quem passa a noite e depois reza pedindo perdão.
Marilda e Jossemar formam um lindo casal, figurinhas carimbadas em todos os eventos sociais na alta roda paulistana. Nas festas filantrópicas que organizam estão sempre lado a lado sorrindo, declarações de amor pelo Twitter. A sós, não suportam a companhia e as conversas do outro.
Adalberto é um alto executivo de uma multinacional. Austero, autoritário, não suporta ser contrariado e raramente aceita qualquer opinião alheia como melhor que a sua própria. No fundo, é inseguro e só quer ser reconhecido, coisa que seu pai nunca fez por ele quando criança.
Carlos é um homem sério e profissional focado. Correto em todas as ações que toma, ético. Citado como funcionário exemplo pelo chefe frequentemente, todo o santo dia ele se imagina transgredindo uma regra ou outra. Até que em uma certa quinta-feira ligou falando que estava doente, pegou sua prancha de surfe que há uns 20 anos não tirava da garagem, e foi pra praia pegar umas ondas e ver a mulherada. Ninguém nunca ficou sabendo.
Suzete é casada com um rico empresário, trabalha por hobby, e tem tudo que uma pessoa gostaria de ter. Filhos crescidos e encaminhados na vida. Mas de vez em quando deita a cabeça no travesseiro e lembra daquele romance arrebatador que teve no verão de 1985 em Ubatuba, ou teria sido São Sebastião? Romance que não subiu a serra porque ficou medo do que a família, tradicional, acharia. Hoje em dia, quando vão para a casa de praia da família, dá longas caminhadas com a esperança de revê-lo, jogando futebol na areia como há 30 anos atrás.
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