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Paradigmas, paradoxos, paraquedas


Paradigmas são modelos a serem seguidos. Paradigmas são nossos amigos, nos dizem mais ou menos o que fazer, como nos comportar, para tudo correr bem, sem maiores sobressaltos. Desde que damos as caras por essas bandas, somos presenteados com vários deles. Fazer isso ou aquilo é pecado, moça direita tem que casar e ter filhos, nesta empresa sempre trabalhamos deste jeito.
Quebrar paradigmas dá trabalho, dói às vezes, atrai olhares tortos, irrita quem se beneficia do status quo. Vivemos em batalha constante com nossos paradigmas.
Paradoxos são pensamentos, ideias ou argumentos que vão contra o que se imagina lógico, correto. Algo que é ou parece ser contrário ao senso comum. Se qualquer período de tempo pode ser dividido em passado, presente e futuro, o que acontece se formos pegando o presente e dividindo em três? Não temos presente na verdade? E se eu te disser que quando colocamos dois copos de água no freezer, um na temperatura ambiente e outro com água fervendo, o com água fervendo congela primeiro?
Pedem-nos para seguir os paradigmas, não nos explicam o que fazer para explicar os paradoxos. Tornam a vida um caminho com várias alternativas, de estradas infinitas que podem ser escolhidas livremente, desde que seguidos os padrões que de nós são esperados. Nos desesperamos quando algo não pode ser explicado, como se pudéssemos explicar tudo, quando na verdade nada sabemos.  Quanta pretensão ! Amarramo-nos então em paraquedas, buscando ter o tombo amortecido, evitado.

Livre arbítrio. Desde que respeitados os padrões, desde que nos contentemos em aceitar o que se pensa saber. Será que ele existe de verdade? Será que queremos que exista? Ou será que não preferiríamos que todos caminhos levassem a Roma? 

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