Foi um dia desses, lá pelas nove horas da manhã. Chovia e fazia frio, o trânsito todo parado, como de hábito nesse horário e nesta cidade.
No anda e para, a meu lado um ônibus, como tantos outros com os quais se cruza todos os dias. O que especificamente esse me chamou atenção foi aquele menino na janela.
Um menino bem vestido, aparentemente de origem humilde. E triste. Não chateado, nem chorando. Em seu rosto, um semblante de tristeza daqueles que parece que se irradia, um pedido quase público de ajuda.
Fiquei imaginando qual motivo um menino de seus dez, doze anos de idade teria para estar triste desse jeito, bem arrumado indo para algum lugar que não fosse a escola.
Teria ele perdido o pai, e de repente se viu responsável por ajudar no sustento da família? Foi a primeira coisa que me veio a mente. Na certa estava indo trabalhar, sua infância abreviada pelo destino. Senti-em mesquinho com meu protótipos de problemas.
Na certa, perguntava-se o por quê. Lembrei-me daquela música "Espelho", do João Nogueira:
"Troquei de mal com Deus com me tirar meu pai"
E fiquei triste também.
Talvez não fosse nada daquilo. Podia ser uma dor de barriga, ou uma dor de dente. Isso, era uma dor de dente e ele estava indo pro dentista. Ou até um Pokemon que escapou porque a bateria do celular acabou.
Só quis dar um abraço no pequeno. E dizer que tudo ficaria bem.
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