Pular para o conteúdo principal

Como escrever uma revista feminina


Escrever uma revista feminina não deve ser coisa fácil. Doze meses por ano, todo santo ano, cento e tantas páginas de assunto para inventar. Pensando nisso, no intuito de ajudar, segue uma breve receita de bolo para ajudar os criativos editores.

  • Capa: encontrar um famosa do momento, colocá-la de biquíni ou maiô, fazendo uma pose bem sensual. Caprichar no Photoshop, para as leitoras ficarem com inveja e destilar elogios do tipo "essa vaca com essa barriga chapada".
  • Moda: revista feminina que se preze tem um editorial de moda com pelo menos dez páginas. Na dúvida, sapatos. Mulher adora comprar ou olhar sapatos. Saltos altos e nomes imponentes costumam ajudar.
  • Carreira: é obrigatório um texto sobre as mulheres e seus empregos, os desafios de conciliar a carreira e a maternidade.
  • Dra Silvana responde. Uma psicóloga, de preferência especialista em sexualidade humana, respondendo e-mails de leitoras. Se não houver e-mail nenhum, pode-se utilizar uma das dúvidas padrão: "Somos casados há vinte e cinco anos, no início transávamos todos os dias, agora são só duas vezes por semana. Será que ele não me ama mais?". Ou : "Dra. Silvana, namoro um gato lindo, mas de vez em quando gosto de ficar com outras meninas. Será que sou bissexual?".
  • Sexo: o carro-chefe da revista. Terreno fértil , não faltam assuntos desse tema. Pode ser "1001 dicas de sexo", com sugestões super úteis do tipo "espere ele numa roupa bem sensual, com as luzes semi apagadas" ou "acenda uma vela aromatizada no quarto". Cuidado se ele for alérgico a velas. Também pode-se apelar para "Sexo oral: dez dicas para caprichar nas preliminares", ou "Guia Lacrado do Sexo", uma coletânea de algumas páginas lacradas, repetindo tudo que já foi escrito durante o ano todo, mas ... lacradas ! Sexy !
  • E. por fim, Estética. Aqui cabe não inventar muito, o tiro certeiro é falar sobre celulites, e como combatê-las ou preveni-las. Mesmo que nenhum homem repare nessas coisas, porque afinal, as outras mulheres reparam.
E antes que me chamem de machista, em breve, Como escrever uma revista masculina.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O consumo de sorvete e os afogamentos

Muito cuidado precisa ser tomado ao se analisar pesquisas e manchetes de jornais que associam alguma coisa a outra. Explico-me: quando lemos na internet que, por exemplo, comer vegetais faz a gente viver mais, é preciso ser crítico ao entender como se chegou no resultado, ou se apenas estão querendo chamar sua atenção com a manchete (como eu tentei fazer, inclusive). Quando estudamos duas variáveis, e percebemos que o movimento de uma acompanha o da outra, diz-se que as variáveis são correlacionadas. Por exemplo, em dias de maior número de afogamentos nas praias os vendedores de picolés também faturam mais. Isso quer dizer que sorvetes podem fazer você se afogar? Ou que as pessoas que estão acompanhando o resgate se entretém tomando um picolé? Para esse exemplo, é fácil perceber que em dias quentes tem mais gente nas praias, que tomam mais sorvete, e que também infelizmente acabam se afogando mais. Mas tomem a notícia abaixo: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/55

O Girassol e a Lua

Se eu fosse Esopo , escreveria algo mais ou menos assim... Era uma vez uma plantação de girassóis, nos confins da Holanda. Todos os dias, seguiam a mesma rotina, acordavam cedo, com o nascer do Sol, e realizavam todas suas atividades diárias. Tiravam água e nutrientes do solo, faziam sua fotossíntese, e giravam. Sempre lá, apontando para o astro rei, desde o amanhecer até que ele se escondesse.  Todos menos um, que preferia a Lua. Baladeiro, dormia o dia todo, pra ficar acordado de noite, na boemia, seguindo a Lua.  No princípio os amigos girassóis se solidarizavam com o companheiro dorminhoco, achavam que era algum tipo de doença ou distúrbio, e davam uma força girando o festeiro em direção do Sol. Até que um dia umas formigas bem das fofoqueiras começaram a fazer futrica, perguntando porque ajudavam o cara que ficava a madrugada toda bagunçando, tocando sambas do Pixinguinha e não deixando ninguém do formigueiro dormir em paz. Pararam de ajudar, e o girassol da noite co

A Lua - Emily Dickinson

Para um dia de lua cheia, como hoje The Moon by  Emily Dickinson   (1830 – 1886) The moon was but a chin of gold A night or two ago, And now she turns her perfect face Upon the world below. Her forehead is of amplest blond; Her cheek like beryl stone; Her eye unto the summer dew The likest I have known. Her lips of amber never part; But what must be the smile Upon her friend she could bestow Were such her silver will! And what a privilege to be But the remotest star! For certainly her way might pass Beside your twinkling door. Her bonnet is the firmament, The universe her shoe, The stars the trinkets at her belt, Her dimities of blue.