Pular para o conteúdo principal

Na Economia, como na vida, o que contam são as aparências

Foi notícia desta semana, o Banco Central manteve a taxa de juros anual em 14,25%. A manutenção da taxa por si só não seria ruim, dado que poderia ter sido justificada como uma tentativa de não deprimir ainda mais o "crescimento" econômico, apesar da inflação alta. Se tivesse sido uma decisão do tipo: "Ok, vamos manter os juros, mas vamos apertar as contas da União, de forma a estimular um pouco o crescimento e ao mesmo tempo combater a inflação", talvez os agentes econômicos não tivessem reagido como fizeram.
O problema foi a "justificativa" dada, que foi a que a taxa estaria sido mantida por conta do relatório do FMI, que apontava uma previsão de queda no PIB brasileiro de 3,5% para o próximo ano.
Difícil acreditar que se decida pela manutenção da taxa de juros baseado-se numa previsão do FMI divulgada dias antes. O que passou para o mercado é que houve influência do Planalto nas decisões do Banco Central, um órgão teoricamente independente para ajustar a taxa de juros à meta inflacionária.
Existem modelos econômicos para crescimento, relacionando inflação, taxa de juros e desemprego. Basicamente, quanto menor a taxa de juros, mais barato o preço do dinheiro, o que possibilita às pessoas tomar dinheiro mais barato, elevando o crescimento econômico, e diminuindo o desemprego. A contrapartida seria um aumento da variação da inflação no curto prazo. 
Dessa forma, se o mercado tivesse interpretado a manutenção da taxa de juros como um estímulo ao crescimento e uma medida de combate ao desemprego, a tendência seria a Bolsa de Valores subir, dada a perspectiva de crescimento. Não foi o que ocorreu, a Bolsa caiu e o dólar subiu ainda mais.
Parece mesmo que o tal mercado entendeu que dona Dilma está se metendo no Banco Central, e essa ingerência nunca é vista com bons olhos por quem pretende investir.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O consumo de sorvete e os afogamentos

Muito cuidado precisa ser tomado ao se analisar pesquisas e manchetes de jornais que associam alguma coisa a outra. Explico-me: quando lemos na internet que, por exemplo, comer vegetais faz a gente viver mais, é preciso ser crítico ao entender como se chegou no resultado, ou se apenas estão querendo chamar sua atenção com a manchete (como eu tentei fazer, inclusive). Quando estudamos duas variáveis, e percebemos que o movimento de uma acompanha o da outra, diz-se que as variáveis são correlacionadas. Por exemplo, em dias de maior número de afogamentos nas praias os vendedores de picolés também faturam mais. Isso quer dizer que sorvetes podem fazer você se afogar? Ou que as pessoas que estão acompanhando o resgate se entretém tomando um picolé? Para esse exemplo, é fácil perceber que em dias quentes tem mais gente nas praias, que tomam mais sorvete, e que também infelizmente acabam se afogando mais. Mas tomem a notícia abaixo: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/55

O Girassol e a Lua

Se eu fosse Esopo , escreveria algo mais ou menos assim... Era uma vez uma plantação de girassóis, nos confins da Holanda. Todos os dias, seguiam a mesma rotina, acordavam cedo, com o nascer do Sol, e realizavam todas suas atividades diárias. Tiravam água e nutrientes do solo, faziam sua fotossíntese, e giravam. Sempre lá, apontando para o astro rei, desde o amanhecer até que ele se escondesse.  Todos menos um, que preferia a Lua. Baladeiro, dormia o dia todo, pra ficar acordado de noite, na boemia, seguindo a Lua.  No princípio os amigos girassóis se solidarizavam com o companheiro dorminhoco, achavam que era algum tipo de doença ou distúrbio, e davam uma força girando o festeiro em direção do Sol. Até que um dia umas formigas bem das fofoqueiras começaram a fazer futrica, perguntando porque ajudavam o cara que ficava a madrugada toda bagunçando, tocando sambas do Pixinguinha e não deixando ninguém do formigueiro dormir em paz. Pararam de ajudar, e o girassol da noite co

A Lua - Emily Dickinson

Para um dia de lua cheia, como hoje The Moon by  Emily Dickinson   (1830 – 1886) The moon was but a chin of gold A night or two ago, And now she turns her perfect face Upon the world below. Her forehead is of amplest blond; Her cheek like beryl stone; Her eye unto the summer dew The likest I have known. Her lips of amber never part; But what must be the smile Upon her friend she could bestow Were such her silver will! And what a privilege to be But the remotest star! For certainly her way might pass Beside your twinkling door. Her bonnet is the firmament, The universe her shoe, The stars the trinkets at her belt, Her dimities of blue.