O preço de um bem em um mercado competitivo é dado pela famosa lei da oferta e procura. Dado que um mercado competitivo é, a grosso modo, aquele onde existem tantos fornecedores quanto houver interesse, e onde não haja barreiras para a entrada de novos fornecedores, o preço será o ponto de encontro entre quanto os consumidores estejam dispostos a pagar e a quanto os fornecedores estejam dispostos a vender.
Exemplificando: se fosse possível fazer uma pesquisa entre mil amantes de um cafezinho pós-almoço, perguntando quanto eles estão dispostos a pagar por um café, poderia-se ter um resultado mais ou menos assim: 100 pessoas pagariam no máximo R$ 0,50; 200 pessoas pagariam no máximo R$ 1,00; 400 pessoas pagariam no máximo R$ 1,50; 100 pessoas pagariam no máximo R$ 2,00 e outras 200 pagariam no máximo R$ 3,00.
Em raciocínio análogo, faria-se uma pesquisa para saber quantas unidades de cafezinho um boteco estaria disposto a vender se o preço fosse R$ 0,50; R$ 1,00 e assim por diante. Do cruzamento das duas curvas, sairia o preço de um café, que em nosso exemplo pode ser, digamos, R$ 1,50.
Ótimo, a R$ 1,50 tem-se 700 pessoas que estão dispostas a tomar um café, e outras 300 acham o preço muito caro. Mas, desses 700, 300 pagariam mais se o preço fosse maior. Para esses 300 sortudos, a soma desse economia tem o bonito nome de "excedente do consumidor".
Como não é possível dotar os trabalhadores do caixa de poderes extra sensoriais para descobrir quanto cada consumidor estaria disposto a pagar, as cafeterias chiques em geral têm formas muito criativas de tirar o dinheiro de pessoas querendo pagar mais, ou seja. de capturar o excedente do consumidor.
Para essas, são oferecidas opções mais "requintadas". Por R$ 2,00, por exemplo, pode-se tomar o cafezinho com um toque de baunilha, cujo preço de custo deve ser 1 centavo a mais. Por R$ 3,00, se oferece um café com grãos colhidos das montanhas Andinas por monges castos vindos diretamente do Tibet. O consumidor paga os R$ 3,00 como todo o prazer, afinal é um café exclusivo diferente daquele de R$ 1,50, apesar do gosto ser exatamente o mesmo.
Se você curte toques de baunilha ou grãos Andinos, e pode pagar por isso, aproveite! Mas é bom saber das armadilhas a que estamos expostos nesse mundo econômico.
Para quem gosta do assunto, recomendo a leitura de "O Economista Clandestino", de Tim Harford, que tem esse e vários outros exemplos de como as empresas se esforçam para capturar o tal excedente do consumidor.
Parabéns! seu texto está ótimo, fácil de ler e entender. Muito bem exemplificado. Apenas os valores do seu cafezinho estão baratos... após uma boa refeição, alguns restaurantes cobram de R$3,50 a R$5,00 por um cafezinho...
ResponderExcluirPoucas coisas no mundo são tão legais de se estudar qto Precificação. Os preços de carros, livros e tênis de corrida no Brasil dão material pra mto PhD...
ResponderExcluirTênis e carros principalmente! Acho que é muita demanda, e pouca oferta... Abraço
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