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Mostrando postagens de setembro, 2016

Pérolas do cancioneiro popular contemporâneo

Alerta de Spoiler: Contém trechos de lirismo extremo Muitos saudosistas adoram reverenciar o passado, onde tudo era mais belo e poético. Já dizia Casimiro de Abreu, em seu poema Meus Oito Anos: Oh! Que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida De minha infância querida Que os anos não trazem mais Mas pelo menos em relação às letras das canções contemporâneas da cultura nacional nada deixam a desejar aos poetas clássicos e românticos, portugueses e brasileiros. Senão vejamos: "Ah Safada! Na hora de ganhar madeirada A menina meteu o pé pra casa E mandou um recadinho pra mim Nós se vê por aí (4x)" - Malandramente, Dennis "Batia o cartão, saía, felicidade no olhar Partia, comprava a flor mais bonita pra te agradar Botava 15 de crédito e ligava o celular Cê' já tinha vindo do trampo e tava fazendo o jantar Entrava em casa correndo e te jogava no sofá Fazia amor com você até minha perna bambear Te abraçava, dava colo pra te acarinha...

O menino triste

Foi um dia desses, lá pelas nove horas da manhã. Chovia e fazia frio, o trânsito todo parado, como de hábito nesse horário e nesta cidade. No anda e para, a meu lado um ônibus, como tantos outros com os quais se cruza todos os dias. O que especificamente esse me chamou atenção foi aquele menino na janela.  Um menino bem vestido, aparentemente de origem humilde. E triste. Não chateado, nem chorando. Em seu rosto, um semblante de tristeza daqueles que parece que se irradia, um pedido quase público de ajuda. Fiquei imaginando qual motivo um menino de seus dez, doze anos de idade teria para estar triste desse jeito, bem arrumado indo para algum lugar que não fosse a escola.  Teria ele perdido o pai, e de repente se viu responsável por ajudar no sustento da família? Foi a primeira coisa que me veio a mente. Na certa estava indo trabalhar, sua infância abreviada pelo destino. Senti-em mesquinho com meu protótipos de problemas. Na certa, perguntava-se o por quê. Lembrei...

Educação Física e Artes opcionais?

Esporte molda o caráter, não há dúvidas disso. Crianças aprendem a trabalhar em conjunto, a perder, a ganhar, a aceitar suas limitações e que tem sempre alguém melhor que você em alguma coisa, o segredo é usar o melhor de cada um, Educação Física ensina a lidar com o corpo, como o próprio nome diz. Ensina as crianças a se conhecerem, a se exercitarem, a ficarem mais saudáveis.  Artes desenvolve as habilidades motoras das crianças. Educação Artística, recortar, colar e pintar. Posteriormente, Artes desenvolve a criatividade, o gosto pelo cinema, teatro, dança, leitura. Forma pessoas mais completas, fisicamente e intelectualmente. Atividades extracurriculares esportivas e culturais tiram as crianças das ruas, do crime, do ócio. Como efeito colateral, criam atletas, cineastas, atores...  Usar o dinheiro público com esporte e educação física e artes não é gasto, é investimento. Investimento em melhores cidadãos, Cidadãos educados, cultos, conscientes. Cidadãos mais sau...

Da arte de muito escrever e nada dizer

O cenário de instabilidade política, as investigações em curso e o déficit fiscal corrente torna difícil uma recuperação imediata. Os fundamentos macroeconômicos permanecem estáveis, porém um possível choque externo pode impedir a retomada do crescimento do PIB, que vem sendo pressionado pela queda do consumo das famílias, e baixa confiança do consumidor. Por outro lado, a reestruturação de alguns players com alto peso no índice pode trazer boas notícias aos investidores, bem como a ascensão de firmas de software e de caça de pokemons .  Tradução: E eu sei lá se a Bolsa vai subir ou não? Se eu soubesse, também não sairia assim contando pra ninguém. A escolha de dois volantes mais criativos e com pouco poder de marcação deixou o time mais fraco, sem pegada, fazendo com o que o esquema 4-2-2-1-1 não funcionasse contra uma equipe tão bem armada e compacta, que veio no clássico 4-4-2, com duas linhas de marcação bem definidas, atrás da bola, e jogadores disciplinados tatica...

O Girassol e a Lua

Se eu fosse Esopo , escreveria algo mais ou menos assim... Era uma vez uma plantação de girassóis, nos confins da Holanda. Todos os dias, seguiam a mesma rotina, acordavam cedo, com o nascer do Sol, e realizavam todas suas atividades diárias. Tiravam água e nutrientes do solo, faziam sua fotossíntese, e giravam. Sempre lá, apontando para o astro rei, desde o amanhecer até que ele se escondesse.  Todos menos um, que preferia a Lua. Baladeiro, dormia o dia todo, pra ficar acordado de noite, na boemia, seguindo a Lua.  No princípio os amigos girassóis se solidarizavam com o companheiro dorminhoco, achavam que era algum tipo de doença ou distúrbio, e davam uma força girando o festeiro em direção do Sol. Até que um dia umas formigas bem das fofoqueiras começaram a fazer futrica, perguntando porque ajudavam o cara que ficava a madrugada toda bagunçando, tocando sambas do Pixinguinha e não deixando ninguém do formigueiro dormir em paz. Pararam de ajudar, e o girassol da...

Ser adulto era ...

Quando se é criança, pré-adolescente, tudo que se quer é virar adulto logo, São infinitas possibilidades, um mundo todo se abrindo. Quando somos crianças, queremos crescer logo porque: Adultos podem dirigir... Adultos podem dirigir... Adultos podem pegar o carro e ir para onde bem entenderem... baladas infinitas ao alcance de um girar de chave no contato. Não se imagina que gasolina custa dinheiro, assim como seguro do carro, IPVA, estacionamento... Adultos não precisam obedecer os chatos dos pais, que ficam obrigando a gente a fazer lição, estudar, escovar os dentes, tomar banho... Só não contem pra ninguém que adultos têm tantas responsabilidades que obedecer não era um ideia tão ruim assim. Adultos não precisam ir pra escola. Depois que se passa no vestibular é só alegria. Pena que é muito mais difícil sair da faculdade do que entrar... Adultos podem morar sozinhos, sem tem que dar satisfação de que horas chegarão nem pra onde vão. Podem deixar a roupa jogada pela cas...

Observando pessoas

Desde que se lembra por gente, tinha o hábito de observar as pessoas, Se perdia olhando para o nada, hora absorto em seus pensamentos, mas na maioria das vezes prestando atenção nos outros, em suas manias, suas expressões, o jeito como conversavam.  Viagem de negócios, conexão em uma grande aeroporto fora do país. Uma nevasca havia adiado todos os vôos, ficaria um tempão esperando no saguão. Celular carregado, notebook, um monte de trabalho que poderia adiantar, ia ficar bacana postar no Facebook que estava se sentindo determinado enquanto mandasse e-mails de trabalho, todos achariam demais seu comprometimento. Preferiu sacar da mala seu gibi predileto, Elektra Assassina , sentar descompromissadamente enquanto fingia que lia, e ficar olhando as pessoas ao redor. Viu um casal jovem e feliz, com roupas que remetiam a uma viagem para praia. Sorriam, pareciam estar de bem com a vida. Seria uma cena bacana, não fosse o fato que cada um estava com seu próprio celular, no seu ...