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Mostrando postagens de julho, 2016

E lá vem os Jogos Olímpicos

E lá vem mais uma edição dos Jogos Olímpicos... E com isso, veremos nossa sanidade sumir por três semanas.  Por um pouco mais de 20 dias, perderemos a noção do espaço-tempo, e nossas vidas acontecerão todas em função da programação de jogos. E olha que não será das tarefas mais fáceis, pois serão dezenas de transmissões simultâneas... Planejamento extensivo para não perder nada de interessante a vivo, e ver as reprises do que se perdeu na madrugada. Todas as modalidades devem ter sua chance, sem preconceitos. Haverá as reportagens daquele atleta que não tinha nada, se tornou alguém por conta do esporte, e finalmente conseguiu sua medalha. E daquele que também ralou igualzinho, mas perdeu por detalhes. Eles chorarão de um lado da tela, e nós, bobos que somos, choraremos do outro. Veremos histórias de superação, de esportistas que mesmo com dor insuportável irão até o final de suas provas, mesmo sem ter mais chance de vitória, mesmo correndo o risco de se lesionarem mais ainda

Filosofia não é tão de maluco assim

Em algum momento a gente começa a tomar ciência das coisas, das causas e consequências de nossos atos e daquilo que nos cerca. Em algum momento, entre a adolescência e a fase adulta, nos tornamos os seres mais chatos do Universo. Sabemos de tudo. Quer ir bem nas provas, passar no vestibular? Basta estudar. Quer ganhar bastante dinheiro? É só arrumar um emprego bacana. Simples assim. Com o passar do tempo vamos perceber quer as coisas não são tão simples, a tal ação e reação não é tão linear quanto achávamos. Afinal de contas, fazemos nosso próprio futuro, ou somos simples marionetes de alguma criança cósmica jogando uma versão de The Sims. Quanto mais se lê a respeito, mais se descobre que esse dilema vem atormentando a humanidade desde sempre, e muitos filósofos, neurocientistas e teólogos já escreveram linhas e linhas sobre o assunto. Percebe-se que, afinal de contas, todos temos um pouco de filósofos, todos queremos saber se a vida é composta de acasos e coincidências, ou se

Eu já fui rei

Eu já fui o Rei dos Pássaros. Sob meu comando, aves alçavam voos rasantes, atacavam meus inimigos, levavam-me onde queria, me carregando em seus bicos. Águias me erguiam mais e mais alto, como na fábula. Até que o pão acabou, e do banco onde estava na praça vi os pombos e patos irem embora. Já fui o Rei do Futebol. Com meus dribles desconcertantes, encantei o mundo, ganhei campeonatos mundiais, fui artilheiro e melhor jogador. Por onde passava, todos olhavam e comentavam, pediam autógrafos e tiravam selfies. Até que veio a noite e a pelada na rua teve que parar. Já fui o cara mais popular da escola, o Ferris Bueller. Passava pelos corredores e ia distribuindo high fives, todas as menininhas imaginando se eu iria convidá-las para o baile, enquanto eu andava pra lá e pra cá com minha jaqueta do time da escola, notas sempre bem acima da média. Até que acabou a Sessão da Tarde, e tive que ir fazer a tarefa de casa. Já governei um vasto império. Conquistei bárbaros e povos moderno

Avaliação de desempenho sincera

"Não há respostas certas, apenas seja honesto e sincero em relação às questões apresentadas. E, principalmente, abra seu coração". Esse foi o texto do e-mail que recebeu assim que chegou na empresa, juntamente com um questionário de auto avaliação.  "Abra seu coração", há quanto tempo não ouvia ou lia isso, desde que sua esposa o deixou, cerca de dez anos atrás. Tinha lhe dado um ultimato, ou ela ou a coleção de revistas velhas, edições de Manchete e Fatos e Fotos. Um homem nunca deveria ter que fazer uma escolha dessas, ficou com as revistas.  Encarou a tarefa como uma oportunidade de evoluir como profissional e ser humano: "Costuma cumprir seus horários com assiduidade ?": Sim, sempre. A não ser quando digo que estou preso no trânsito, mas na verdade acordei tarde mesmo. Ou daquelas vezes que dou uma esticadinha no final de semana e volto da praia na segunda pelo almoço. "Costuma aprimorar-se e estar atento aos avanços de seu ramo d

Saudades de Trás os Montes

Trás os Montes. Terra natal de meus avôs maternos, no norte de Portugal. Local onde passava meus dias correndo alegremente entre os campos verdejantes.  Só era difícil chegar, nunca houve vôos para lá. Tínhamos que pegar o navio no porto de Santos, cruzar o Atlântico, entrar pelo Rio Tejo e desembarcar perto da Torre de Belém. Comíamos um pastel de fiambre, pegávamos um ônibus de carreira, montávamos no lombo de burros e depois mais uma caminhadinha. Mas valia cada minuto dos 17 dias de viagem. Trás os Montes, terra da linguiça portuguesa, e de várias fortificações construídas na época do Império Romano. Alguns delas propriedades dos Ribeiros, meus antepassados, onde tias distantes dedicavam seus dias para ficar nas torres de observação dos fortes, vendo o movimento e mandando sinais para as propriedades vizinhas, basicamente para fofocar da vida alheia, ora pois. Lembro-me das praias onde jovens mancebas da Europa toda praticavam o topless, simpáticas, especialmente atencios