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Preço da gasolina sobe e ações caem. Como assim?




Foi notícia desde ontem nos telejornais, Internet, TV. O preço da gasolina, depois de muito tempo sem ajustes, subiu. E hoje, na abertura da bolsa de valores, as ações da PETROBRAS despencaram. Como interpretar esse movimento?
Primeiramente, deve-se entender de que se compõe o preço de uma ação negociada em bolsa.  Uma ação é uma parcela da empresa, e dessa forma o portador da mesma recebe dividendos e outros proventos financeiros de acordo com o lucro da empresa. Ou seja, se o lucro aumenta, tem mais dinheiro para ser distribuído entre os donos das ações.
Dessa forma, o preço de uma ação, teoricamente, deve ser igual à expectativa de recebimento da distribuição de lucros ao longo do tempo. Exemplificando, se para uma dada empresa a expectativa é de se receber um real para cada ação pelos próximos dez anos, e que a taxa de juros da economia seja de 10% ao ano, o preço da mesma seria:

P = R$ 1,00 (primeiro ano) + R$ 0,90 (daqui a um ano um real vale apenas 90 centavos, dado que a taxa de juros come parte do valor da moeda) + R$ 0,82 (idem para dois anos) + ...

Esse é o cálculo teórico. Como é muito complicado fazer essas contas, e como não se pode sempre supor que o mercado se comporte de forma racional, os preços das ações flutuam muitas vezes fugindo do valor acima.
Outro dado importante sobre precificação de ações é que o mercado é movido a notícias, verdadeiras ou boatos. Uma vez que a notícia é divulgada, a mesma quase que imediatamente influi nos preços de mercado, de novo, nem sempre de forma racional. É por esse motivo que divulgações de resultados, balanços, etc., são feitos sempre após o fechamento da bolsa.
Voltando à Petrobras, vale destacar que se trata de uma empresa de capital aberto, porém sob controle estatal. Logo, o governo acaba influindo nas decisões de acordo com seus objetivos. Apesar da Petrobras ser uma empresa que produz petróleo, uma commodity que deveria seguir o preço global, o governo acaba segurando o preço da gasolina para segurar a inflação. "Ganha" a política de metas inflacionárias, mas perdem os acionistas, que podem ser pessoas físicas, empresas, gente com dinheiro aplicado em fundos de pensão... Ao invés de vender a gasolina mais cara, internamente ou para o exterior, a Petrobras acaba vendendo mais barato e diminuindo seus lucros.
De tempos em tempos, quando o governo acha que existe espaço, resolve fazer um ajuste nesse preço, o que deveria aumentar os lucros da empresa e o preço das ações, certo?
Mas o que ocorre é que essa notícia do aumento já vem sendo divulgada desde o ano passado, e imediatamente o mercado já "precificou" essa notícia. Especialistas (?) já alimentaram o mercado com as expectativas de qual seria o percentual de ajuste, e esse percentual por si só já provocou o ajuste nas ações.
Quando saiu o percentual real que seria aplicado, e como esse percentual divulgado veio abaixo do calculado pelo mercado, o que ocorre é que aquele aumento no preço que ocorreu lá atrás acabou sendo descontado agora....quer dizer: opa, os lucros não vão aumentar tanto assim!
Isso tudo em teoria. O tal mercado é muitas vezes irracional, mesmo porque é composto por pessoas que nem sempre agem de forma racional (você nunca comprou algo que simplesmente não precisava simplesmente por causa da "emoção"?). Assim sendo, pode ser que alguém que quisesse se livrar das ações aproveitasse a divulgação para vender, e sendo seguido por vários outros... Por isso que o mercado acionário, apesar de muitos dizerem que pode ser previsto, tem o movimento basicamente aleatório, pois é baseado em pessoas.




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