Vocês passam correndo, fazendo barulhos de tiros, de golpes de alguma arte marcial longínqua. Se escondem, se abaixam atrás do sofá, diz que nunca irão pegar vocês.
Um sobe em uma nave cósmica imaginária, montada a partir de sua própria cama, algumas almofadas e um par de edredons. E foge, apenas temporariamente, pra logo depois dar meia volta e retornar disparando todos os lasers, com o escudo frontal em força máxima.
Tira o capacete, balança os cabelos ao vento, mais uma batalha vencida. Vai ao encontro do imperador, dar o relatório da missão, que reclama da demora.
Coloca seu óculos de snowboard, comprado na Decatlhon simplesmente porque era bacana. Se embrenha em uma aventura submarina, procurar o amuleto há tempos escondido por algum pirata. Chama seu irmão, que logo entra na aventura. Isso tudo porque eu tinha pedido para vocês arrumarem o quarto. Eu coloco meus óculos escuros, e entro na brincadeira. Como resistir?
No parque, um pedaço de madeira vira uma espada samurai, com poderes de cortar tudo. Saem correndo, escalam os brinquedos como quem está invadindo castelos, nenhuma muralha será páreo para vocês. Uma pinha no chão vira uma granada, os quero-queros viram dragões medievais. O milkshake é na verdade uma poção mágica, que dá superpoderes por um curto pedaço de tempo.
Uma descida à quadra vira uma final da NBA, dou um nome de time pra cada um de vocês... O arremesso decide o título. Algumas vezes acertam, e a torcida vai à loucura. Na outra erram, e o mundo inteiro chora. Independentemente, vocês riem.
Queria eu que esse tempo durasse mais, mas vocês estão crescendo. Em breve suas epopeias serão mais reais. Só espero que nunca deixem essas imaginárias pra trás, que nunca percam essa inocência de meninos tão especiais que vocês são.
Que continuem me desmontando com esses seus sorrisos, com esses seus olhares.
E que me convidem pra algum dia ir brincar aí dentro com vocês. Deve ser fantástico.
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