Foi daqueles começos não muito definidos. Uma coisas foi levando a outra, e quando viram já estavam grudados. Passaram de conhecidos a colegas de classe, de colegas de classe a amigos, de amigos a namorados.
Foi mais um daqueles casos eternos enquanto duraram. Dividiam aulas, almoços, tardes de estudo na biblioteca. Baladas, cinema, viagens... estavam sempre juntos e felizes. Um visitava o outro em pensamentos, e sonhos. Pelo menos era isso que ele imaginava.
Conforme ela foi crescendo ganhou asas, e quis saber como era o mundo lá fora. Quis saber como era sair com as amigas, viajar sozinha, fazer academia em algum lugar descolado, diferente daquela de bairro que os dois frequentavam, e onde todas as senhorinhas conheciam os pais do casal. "Que gracinha", elas diziam. "Que porre", ela pensava.
Ela foi fazer umas matérias optativas em outro curso, se apaixonou e mudou de faculdade. Ele tentou se convencer que o certo a fazer seria dar uma força, mas no fundo ficou com medo de perdê-la. Os almoços juntos foram escasseando. "Meus horários estão complicados", ela dizia. Ele fingia acreditar, como que adiando o sofrimento que estava por vir.
Seus novos amigos eram diferentes, gostavam de outras coisas. Ela queria ir junto, e ele, depois de umas vezes, parou de tentar acompanhar. Festas estranhas com gente esquisita, não poderia ser mais clichê. E ele, tão certinho.
As notificações de mensagem do celular sumiram. Aquelas mensagens logo cedo, dela dizendo que sentia falta de seu abraço, deram lugar a respostas monossilábicas, no máximo emojis de carinhas felizes, ou piscando.
E assim foi acabando, sem um marco, uma data, uma DR ou uma discussão acalorada. Mesmo sabendo disso, ainda restava aquela pontinha... afinal, ela continuava lá, em seu coração e em sua cabeça, e um sentimento assim deveria ser recompensado. Como se a vida fosse algo justo afinal...
Esperança que se foi em uma festa de aniversário em que se encontram. Era vinte de janeiro, em um barzinho qualquer da Vila Madelena, de um amigo em comum. Ele chegou sozinho. Ela, bem mais tarde, acompanhada de um cara que ele nunca tinha visto antes. Sarado, parecia um atleta. Mas ela nunca gostou de atletas, os achava fúteis e rasos !
Aproveitou uma hora em que o troglodita foi pegar um energético no bar, e resolveu cumprimentá-la. Ela sorriu, de forma protocolar. E deu-lhe um abraço. Daqueles corporativos, onde os quadris se afastam, os peitos não se tocam... E ela deu tapinhas nas costas dele.
Foi demais para nosso pobre herói. Podia suportar quase tudo, mas tapinhas nas costas cruzaram a nem tão tênue linha que dividia a amizade, o desejo, o amor e a indiferença.
Tomou um porre, que no caso dele foram duas latas de cerveja sem álcool, e tentou beijar a primeira que viu pela frente. Não conseguiu, tomou um tapão, e resolveu mesmo voltar pra casa. Apagou o telefone da ex, como um ato simbólico de libertação. Na prática, já o tinha decorado mesmo.
Foi mais um daqueles casos eternos enquanto duraram. Dividiam aulas, almoços, tardes de estudo na biblioteca. Baladas, cinema, viagens... estavam sempre juntos e felizes. Um visitava o outro em pensamentos, e sonhos. Pelo menos era isso que ele imaginava.
Conforme ela foi crescendo ganhou asas, e quis saber como era o mundo lá fora. Quis saber como era sair com as amigas, viajar sozinha, fazer academia em algum lugar descolado, diferente daquela de bairro que os dois frequentavam, e onde todas as senhorinhas conheciam os pais do casal. "Que gracinha", elas diziam. "Que porre", ela pensava.
Ela foi fazer umas matérias optativas em outro curso, se apaixonou e mudou de faculdade. Ele tentou se convencer que o certo a fazer seria dar uma força, mas no fundo ficou com medo de perdê-la. Os almoços juntos foram escasseando. "Meus horários estão complicados", ela dizia. Ele fingia acreditar, como que adiando o sofrimento que estava por vir.
Seus novos amigos eram diferentes, gostavam de outras coisas. Ela queria ir junto, e ele, depois de umas vezes, parou de tentar acompanhar. Festas estranhas com gente esquisita, não poderia ser mais clichê. E ele, tão certinho.
As notificações de mensagem do celular sumiram. Aquelas mensagens logo cedo, dela dizendo que sentia falta de seu abraço, deram lugar a respostas monossilábicas, no máximo emojis de carinhas felizes, ou piscando.
E assim foi acabando, sem um marco, uma data, uma DR ou uma discussão acalorada. Mesmo sabendo disso, ainda restava aquela pontinha... afinal, ela continuava lá, em seu coração e em sua cabeça, e um sentimento assim deveria ser recompensado. Como se a vida fosse algo justo afinal...
Esperança que se foi em uma festa de aniversário em que se encontram. Era vinte de janeiro, em um barzinho qualquer da Vila Madelena, de um amigo em comum. Ele chegou sozinho. Ela, bem mais tarde, acompanhada de um cara que ele nunca tinha visto antes. Sarado, parecia um atleta. Mas ela nunca gostou de atletas, os achava fúteis e rasos !
Aproveitou uma hora em que o troglodita foi pegar um energético no bar, e resolveu cumprimentá-la. Ela sorriu, de forma protocolar. E deu-lhe um abraço. Daqueles corporativos, onde os quadris se afastam, os peitos não se tocam... E ela deu tapinhas nas costas dele.
Foi demais para nosso pobre herói. Podia suportar quase tudo, mas tapinhas nas costas cruzaram a nem tão tênue linha que dividia a amizade, o desejo, o amor e a indiferença.
Tomou um porre, que no caso dele foram duas latas de cerveja sem álcool, e tentou beijar a primeira que viu pela frente. Não conseguiu, tomou um tapão, e resolveu mesmo voltar pra casa. Apagou o telefone da ex, como um ato simbólico de libertação. Na prática, já o tinha decorado mesmo.
Comentários
Postar um comentário