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Arte, liberdade de expressão e o homem pelado


Certa vez fui a um espetáculo de teatro, no Centro Cultural, aqui em São Paulo. Comecei a desconfiar  que algo não ia bem quando descobri que seria uma peça interativa, e que a sala tinha só 20 lugares. Ao entrar, tinha um cara de uns dois metros de altura, com físico de Rambo e só de sunga, ou seria uma tanga, sei lá, comendo biscoitos e cuspindo pedaços em quem entrava.
Pensei comigo, que bosta, onde fui me meter. Mas eu já era bem grandinho, fui por conta própria, paguei até... Arte? Pode ser ... mesmo porque, discutir o que é ou não arte é a mesma coisa que tentar converter um fanático religioso, ou político.
A questão aqui não é saber o que é arte... É defender a liberdade de expressão. E para poder expressar-me de forma livre, permitir-me-ei usar alguns palavrões neste texto. E mesóclises. Todo escrito fica melhor com mesóclises, assim como todo aparelho eletrônico fica melhor com bluetooth. São fatos, não argumentos.
Artistas deveriam poder expor seus trabalhos, sem medo de censuras ou patrulhas. Seja uma belo quadro, uma escultura, uma instalação com uma parede branca representando o nada da vida, ou fotos de pessoas indo ao banheiro ao redor do mundo, qualquer porra dessas. Tem gosto pra tudo nesse mundo, e que sejam respeitadas as vontades de cada um...
Porém, precauções devem ser tomadas, principalmente com as crianças. Nudez e crianças, não combina. Pouco importa se for uma nudez "artística", não erotizada. Porque, afinal de contas, colocar uma menina tocando um cara pelado, ou crianças vendo pinturas de homens e mulheres tendo relações sexuais com crianças e animais não pega nada, certo? Errado ! A gente não sabe se essas situações irão causar algum tipo de memória ou transtorno na gurizada, então por via das dúvidas... Não ! 
No livro "Devassos por Natureza", o autor, um psicólogo, diz que em sua vida no consultório já atendeu pessoas com transtornos sexuais que remetiam à situações de sua infância, como o caso de uma moça que era masoquista porque, quanto era criança, apanhava do pai, que dava cintadas em sua bunda enquanto vestia apenas um calção, sem underwear, deixando aparecer suas "jóias", de modo que a menina desenvolveu uma associação entre o saco escrotal, dor e prazer. Bizarro? Prazer, todos somos.
Então, na dúvida... que se sinalizem bem as salas com esse tipo de obra, que se proíbam as crianças de entrar, e boas, cada um que curta suas estranhices prediletas. Responsabilidade dos organizadores, e principalmente dos pais. E bom senso ! 
Nessa nossa época de Google, pode-se dizer que tudo está à distância de um clique... Então, é hipocrisia querer proibir exposições ou espetáculos que alguns possam achar ofensivos. Não adianta ir lá no museu e querer quebrar tudo. O artista tem o direito de expor sua obra, vai quem quiser. Se não for lá, será em outro lugar, será online.... Quando eu era jovem, já dava um jeito de assistir Sala Especial (hummm) escondido de meu pai, imaginem agora com tantas opções... Proibir ou censurar não é o caminho, e nunca será. 
Ah, e se fosse uma mulher nua, e um menino tocando seu pé, tudo bem? Não !!!! Não confundir machismo, feminismo, coxinhas ou esquerdistas com a estória. Liberdade de expressão sempre. Respeito às crianças e adolescentes também. Nessas situações, o que mais tem é político em pré-campanha, esperando a reação popular de algum assunto polêmico para ficar do lado da maioria...

Permito-me, assim, encerrar essas humildes linhas. Poder-se-iam listar inúmeros outros argumentos a favor e contra, mas o objetivo deste parágrafo foi mesmo incluir mais uma mesóclise. E um outro palavrão, baralho (auto censura).



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