Pular para o conteúdo principal

Conto dos tempos modernos


Um conto montado de frases feitas , com uma história encaixando tudo...

- Aguente firme, vai dar tudo certo.

Foi o que disse para a amiga de longa data, que ela havia convidado para um happy hour, depois de muitas falsas tentativas. Por que será que demorou tanto pra reencontrá-la, elas que se davam tão bem desde sempre, que bem ou mal mantiveram contato esses anos todos. 
Estava incomodada, angustiada até. Tantas coisas acontecendo, e ela sem entender exatamente o porquê de tudo. Por que ele disse aquilo, por que as ações não correspondiam ao esperado, por que não seguiam o script? 
Não era para, uma hora dessas da vida, algo ter dado certo? Não que tivessem dado errado, pois afinal de certa forma era tudo o que tinha planejado. Carreira, casa bacana, solteirice convicta, home office uma vez por semana, short fridays, Um gato, com aquele ar meio cool que ela adorava. Vários termos em inglês.
Mas tinha medo, medo de finalmente se encontrar, e descobrir que esse encontro serviria apenas para revelar o caminhão de coisas que ainda faltam. Medo de perceber que quanto mais ela conhece a si própria, mais se dá conta do quanto gosta dele.

Sem dizer uma palavra, chorou. Aquele choro sentido, poucas lágrimas escorrendo pelo rosto, discretas, sem alarde. Recebeu o abraço da amiga, que entendeu completamente sem nada ter ouvido.

Correu pra casa, naquele dia faltaria na aula de ioga. Enfiou-se debaixo do edredom no sofá chique da sala. Quis encher a cara, quis se afundar na banheira e literalmente afogar as mágoas, quis enfiar o pé na jaca e pedir uma meia toscana meia quatro queijos.

Mas tinha algo mais importante para fazer, não havia tempo para auto piedade. Era um daqueles momentos em que uma pessoa tem fazer o que uma pessoa tem que fazer.

Levantou-se e foi recolher a roupa do varal. Já ia chover, e no dia seguinte a Judith viria passar as camisas,

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O consumo de sorvete e os afogamentos

Muito cuidado precisa ser tomado ao se analisar pesquisas e manchetes de jornais que associam alguma coisa a outra. Explico-me: quando lemos na internet que, por exemplo, comer vegetais faz a gente viver mais, é preciso ser crítico ao entender como se chegou no resultado, ou se apenas estão querendo chamar sua atenção com a manchete (como eu tentei fazer, inclusive). Quando estudamos duas variáveis, e percebemos que o movimento de uma acompanha o da outra, diz-se que as variáveis são correlacionadas. Por exemplo, em dias de maior número de afogamentos nas praias os vendedores de picolés também faturam mais. Isso quer dizer que sorvetes podem fazer você se afogar? Ou que as pessoas que estão acompanhando o resgate se entretém tomando um picolé? Para esse exemplo, é fácil perceber que em dias quentes tem mais gente nas praias, que tomam mais sorvete, e que também infelizmente acabam se afogando mais. Mas tomem a notícia abaixo: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/55

O Girassol e a Lua

Se eu fosse Esopo , escreveria algo mais ou menos assim... Era uma vez uma plantação de girassóis, nos confins da Holanda. Todos os dias, seguiam a mesma rotina, acordavam cedo, com o nascer do Sol, e realizavam todas suas atividades diárias. Tiravam água e nutrientes do solo, faziam sua fotossíntese, e giravam. Sempre lá, apontando para o astro rei, desde o amanhecer até que ele se escondesse.  Todos menos um, que preferia a Lua. Baladeiro, dormia o dia todo, pra ficar acordado de noite, na boemia, seguindo a Lua.  No princípio os amigos girassóis se solidarizavam com o companheiro dorminhoco, achavam que era algum tipo de doença ou distúrbio, e davam uma força girando o festeiro em direção do Sol. Até que um dia umas formigas bem das fofoqueiras começaram a fazer futrica, perguntando porque ajudavam o cara que ficava a madrugada toda bagunçando, tocando sambas do Pixinguinha e não deixando ninguém do formigueiro dormir em paz. Pararam de ajudar, e o girassol da noite co

A Lua - Emily Dickinson

Para um dia de lua cheia, como hoje The Moon by  Emily Dickinson   (1830 – 1886) The moon was but a chin of gold A night or two ago, And now she turns her perfect face Upon the world below. Her forehead is of amplest blond; Her cheek like beryl stone; Her eye unto the summer dew The likest I have known. Her lips of amber never part; But what must be the smile Upon her friend she could bestow Were such her silver will! And what a privilege to be But the remotest star! For certainly her way might pass Beside your twinkling door. Her bonnet is the firmament, The universe her shoe, The stars the trinkets at her belt, Her dimities of blue.