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Quando chega a hora de parar


Começa de uma hora pra outra, quando você menos espera. Em um belo treino, ou jogo, aquela bola que você sempre acertou, simplesmente não entra.
Demora pra cair a ficha. Afinal, a evolução no esporte é algo meio maluco. No início, você não tem nem a condição atlética, nem a técnica. Ambas vão se desenvolvendo, fica-se mais forte, mais rápido, mais técnico. Vai aprendendo o jogo, como lê-lo. A bola vai te ensinando como gosta de ser tratada, de ser amada. E quando você a ama de volta, aí a mágica acontece, Quem nunca dormiu com uma bola novinha, recém ganha dos pais?
E nesse pico, quando tudo funciona, você se diverte horrores... mas uma hora o tempo, essa vadia, cobra seu preço. Você ainda se sente no auge, sabe exatamente o que precisa ser feito. Mas o corpo discorda, teima com você, desobedece.
E vem as dores. Quer dizer, elas sempre estiveram lá. Qualquer atleta de esporte de competição está 100% do tempo com dores. 100%. Nada que 5 dias de anti-inflamatório, gelo e calor não resolvessem. Mas o tempo pede mais dias de anti inflamatório, mais dias de repouso, talvez uma cirurgiazinha, um ligamento novo.
Aí você vê que não dá mais. Que tem uma molecada vindo atrás, e se não sair da frente será atropelado. E resolve parar.
E como faz falta! Faz falta a rotina diária dos treinos, o ritual de arrumar uma mala só com materiais esportivos antes de um Interusp ou Economíadas. Os jogos no interior, a torcida xingando, ou torcendo a favor. As brigas, as vitórias, as derrotas, as lições aprendidas, as histórias contadas depois.
Mas do que se sente saudades mesmo são das pessoas, aquelas que dividiram esses momentos tanto tempo com você. A troca de olhares durante os jogos, com as quais você já sabia o que o companheiro iria fazer. As besteiras faladas no banco de reservas, os técnicos, as broncas e felicitações.
E as conquistas. Conquistar um título com colegas que deram tanto duro quanto você, e a felicidade estampada no rosto de todos, a realização de um objetivo em comum, isso sim não tem preço, muito mais que qualquer atuação de gala individual. É o tipo de coisa que te traz amigos para sempre.

Por isso, a todos com quem tive o prazer de dividir a quadra, meu muito obrigado! 


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