Quantas vezes já ouvi falar que as pessoas não mudam, que sua essência permanece a mesma. Pode ser em parte verdade, vejo em meus filhos agora adolescentes características que sempre estiveram lá. A doçura, a preocupação com o próximo, e isso me enche de orgulho. E de preocupação.
Flashback para o passado, quando eu jogava bola na rua, e tenho pra mim que mandava melhor quando ficava com raiva. Driblava todos e fazia o gol, diz minha memória absolutamente distorcida e tendenciosa.
E a raiva ainda está aqui, minha companheira assim como a dor. A dor física, resultado de tantas pancadas, e cirurgias e ossos quebrados. Infelizmente, a raiva não me leva mais a resultados tão imediatos quanto no passado irreal e simples de craque de bola da Oliveira Torres. Mas ela continua me movendo, talvez demore mais mesmo, talvez nem leve mais. Mas sou como o Bruce Banner dos Vingadores... o segredo é que a raiva está sempre aqui.
As pessoas ficam mais cascudas com o tempo, essa variável que separa os homens dos meninos. Endurecer sem perder a ternura, não é bem verdade. Perdemos sim, a escondemos lá no fundo, sob um tanto de decepção e de "ficar esperto", que nos traz como bônus um detector para papo furado, promessas ESG (muito se fala, e pouco se faz), metas inatingíveis. E percebemos que esse tempo, tão valioso, só deveria ser passado com o que e principalmente com quem vale a pena. Isso, infelizmente ou felizmente, muda.
Volto a meus filhos, espero envelhecer e vê-los homens formados, bem sucedidos e felizes... e com a mesma doçura e beleza no coração que tanto me ensinam. E que me provem, lá no final de minha vida, que este texto está totalmente errado.
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