Pular para o conteúdo principal

O cortador de frios, ou o porquê de fazer logo o que se quer

 


Faz tantos anos que ele queria um cortador de frios pra casa dele, que nem sei mais quando foi. Ficava imaginando como seria bacana comprar as peças, e ir cortando na hora que tivesse vontade.

Mas sempre tinha algum empecilho. Sempre tem né? Onde vamos colocar, vai dar muito trabalho pra limpar, onde vamos comprar um negócio desses, depois a gente vê isso, virando o mês e acabando de pagar aquele outro negócio que parcelamos no cartão, vamos pesquisar e compramos sem falta. Tem um conhecido que vende, precisamos ligar pra ele.

E o mês que vem nunca chegava, o vamos ver nunca víamos, outras prioridades foram aparecendo, e o dias foram virando meses que foram virando anos.

Dia desses resolvemos comprar, coisa de cinco minutos de pesquisas na Internet resolveram o problema. Não era um mega modelo hiper potente, mas enfim .... chegaria de cinco a sete dias úteis.

Fate is a bitch, já diriam os americanos. O dia que a encomenda chegou foi exatamente o dia que ele passou mal, foi parar no hospital, meio que correndo.... sabem aquele tipo de situação que, se demorasse, podia se tornar algo bem pior? Ficou por lá, do pronto socorro pra UTI ...

O cortador de frios lá em cima da bancada da cozinha, fechado, como que lembrando da imprevisibilidade das coisas.... e ele internado ainda no hospital.

Dessa vez o final foi feliz, ele voltou pra casa depois de um tempo, recuperado do susto, e conseguiu experimentar o salame recém cortado no aparelho novinho. Se era bom ou ruim, se ia durar ou não, isso já pouco importava.

Clichê dos clichês, mas não menos válido. Se querem fazer algo, comprar algo, falar algo pra alguém, façam.... não esperem a próxima virada do cartão, ou não fiquem pensando ou pesquisando muito. Comprem logo o bendito cortador de frios, e se for bom, ótimo, e se for ruim tudo certo também... Porque quando demoramos muito, pode ser que não haja tempo pra abrir a embalagem .... 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O consumo de sorvete e os afogamentos

Muito cuidado precisa ser tomado ao se analisar pesquisas e manchetes de jornais que associam alguma coisa a outra. Explico-me: quando lemos na internet que, por exemplo, comer vegetais faz a gente viver mais, é preciso ser crítico ao entender como se chegou no resultado, ou se apenas estão querendo chamar sua atenção com a manchete (como eu tentei fazer, inclusive). Quando estudamos duas variáveis, e percebemos que o movimento de uma acompanha o da outra, diz-se que as variáveis são correlacionadas. Por exemplo, em dias de maior número de afogamentos nas praias os vendedores de picolés também faturam mais. Isso quer dizer que sorvetes podem fazer você se afogar? Ou que as pessoas que estão acompanhando o resgate se entretém tomando um picolé? Para esse exemplo, é fácil perceber que em dias quentes tem mais gente nas praias, que tomam mais sorvete, e que também infelizmente acabam se afogando mais. Mas tomem a notícia abaixo: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/ma...

Sorria e Acene, ou as Técnicas de negociação que não se aprende na escola

Em um post anterior ( este aqui ), já havia escrito sobre uma importante tática de argumentação, a Defesa Chewbacca, utilizada principalmente em discussões de relações. Mas existe uma outra, de utilização bem mais abrangente, que pode ser aplicada nas mais diversas atividades humanas: a estratégia Sorria e Acene. Basicamente, essa teoria prega a empatia por meio gestuais que demonstrem a concordância com uma pessoa ou grupo social. Mais do que estender-se nas bases científicas da teoria, alguns exemplos de utilização serão muito mais elucidativos: No Mundo Corporativo: Reunião da empresa, apresentando os resultados do quadrimestre, e as perspectivas de crescimento: em caso de resultados positivos, balance a cabeça afirmativamente, com um leve sorriso. Resultados negativos: feição de consternação, e um leve balançar negativo. Use com parcimônia. Chefe pede para entregar seu trabalho antes do que o humanamente possível: sorria e acene que sim. Se vire depois para conse...

O Girassol e a Lua

Se eu fosse Esopo , escreveria algo mais ou menos assim... Era uma vez uma plantação de girassóis, nos confins da Holanda. Todos os dias, seguiam a mesma rotina, acordavam cedo, com o nascer do Sol, e realizavam todas suas atividades diárias. Tiravam água e nutrientes do solo, faziam sua fotossíntese, e giravam. Sempre lá, apontando para o astro rei, desde o amanhecer até que ele se escondesse.  Todos menos um, que preferia a Lua. Baladeiro, dormia o dia todo, pra ficar acordado de noite, na boemia, seguindo a Lua.  No princípio os amigos girassóis se solidarizavam com o companheiro dorminhoco, achavam que era algum tipo de doença ou distúrbio, e davam uma força girando o festeiro em direção do Sol. Até que um dia umas formigas bem das fofoqueiras começaram a fazer futrica, perguntando porque ajudavam o cara que ficava a madrugada toda bagunçando, tocando sambas do Pixinguinha e não deixando ninguém do formigueiro dormir em paz. Pararam de ajudar, e o girassol da...