Na rotina que parece durar pra sempre, ano após ano, você uma hora percebe que nada vai realmente ficar diferente. Não vai ficar rico, não vai ganhar na loteria, não vai mudar de vida.
Tudo vai continuar mais ou menos na mesma, o trânsito, a chuva, os faróis queimados. As pessoas vomitando pretensas verdades das quais, no fundo, elas mesmas não fazem a mínima ideia. Máscaras. Camadas e camadas de felicidade e êxito pra inglês ver.
Mas, com o tempo, alguns sortudos percebem tudo, têm a grande revelação. Não há necessidade de achar sentido, em crer que um dia as coisas funcionarão. Pois o que vale mesmo, de verdade, é o caminho. São os detalhes.
Um abraço sincero dos filhos, um beijo de quem realmente se importa. Um olhar de admiração, ou de desejo, escondido ou nem tanto, daquele que dispensa qualquer palavra. Um telefonema, uma mensagem inesperada. Descobrir amigos quando mais se precisa.
A música certa tocando na hora certa. Aquele filme idiota que te faz rir tanto, e que te deixa repetindo as falas do personagem principal o dia todo. Uma propaganda bem bolada.
Mas a mesma roleta que te alegra, pode mostrar a verdadeira face das coisas. O preconceito velado, na forma de um cochicho, de um olhar atravessado, de pessoas cruzando a rua, Aquele pedinte sentado na calçada, crianças ao redor, que nos negamos a ajudar, com a desculpa de que eles deveriam estar procurando emprego, isso sim.
Aquele notícia ruim de um conhecido, que te traz de volta à finitude da humanidade, te lembra que pode acontecer com você, A qualquer momento. Infortúnios mais mundanos, uma topada com o dedão no pé da cama, justamente antes de sair correndo.
O livro não vai ter final feliz, nem triste. Quando você achar que virou uma página, o Universo vai desvirá-la, zombando de você. E quando achar que nunca vai sair dela, alguém pode muito bem vir e dar uma força. No fim, o que conta é aproveitar cada uma das palavras, saborear os parágrafos, chorar com a morte do mocinho ou sorrir com a princesa que largou tudo e foi lutar MMA.
Serão sempre as pequenas coisas. Aí que mora a felicidade.
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