Se ainda estou vagando por essas bandas, é por pura e exclusiva sorte. A minha é claro, pra outros pode ter sido azar, nunca se sabe.
Ainda estou aqui, mas só porque não morava perto de nenhuma floresta. Se morasse, com certeza teria ido dessa pra melhor, tentando imitar os personagens de Jungle Hunt e Pitfall, e dessa forma tendo sido devorado por algum canibal, ou pisando na boca gigante de algum crocodilo.
Teria me espatifado no vidro da frente do Dodge Lebaron do meu pai, dado que andávamos no banco de trás sem cinto nem nada, de preferência no espaço do lugar do meio e debruçados para a frente.
Levado um tiro de algum vizinho enfurecido enquanto invadíamos o terreno baldio pra fazer uma pista de bicicross, colocávamos morteiros nas caixas de correio e até mesmo nos escapamentos dos carros.
Algum namorado enfurecido me jogando no meio da rua e me espancado até a morte, me pegando no flagra enquanto espiava pelo vidro embaçado do carro que balançava na pracinha, sem nem saber direito o que estava acontecendo.
Caído lá de cima, enquanto subia na laje de casa ou de algum vizinho pra pegar a bola... Aterrisaria em uma lança do portão (sim, os portões tinham lanças), que me furaria de ponta a ponta...
E vivo estou simplesmente por um só motivo, que todos com mais de quarenta anos entenderão perfeitamente. Só sobrevivi porque não havia nenhuma nas redondezas da Oliveira Torres, ou em qualquer lugar pra onde tenha viajado, nenhuma cachoeira. Certamente teria roubado um barril, e descido a queda d´água, sob aplausos de pessoas vestidas em capas de chuva amarelas. Seria o fim quando chegasse lá embaixo. Mas que fim glorioso!
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