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Mostrando postagens de novembro, 2016

E aí você monta um time ...

E aí, um belo dia, você resolve dar um jeito no time de futebol do seu clube. Você estuda, analisa, faz as coisas direitinho, perde horas e horas de sono pra ajeitar as coisas. E por um misto de competência e sorte, não é que tudo começa a ir pra frente? Você contrata uma molecada bacana, aproveita outros da base, e o time vai tomando forma, ganhando uma peleja aqui, outra ali. O povo da cidade, pequena, vai se empolgando a ir assistir seus jogos. O nome do seu time começa a aparecer nos jornais, nos rádios, até na TV.  A molecada que brinca e trabalha de jogar bola começa a sonhar com um futuro. Longe das ruas, longe da pobreza. Sonham em ter dinheiro um dia pra ajudar a mãe a comprar uma casa maior para ela, o pai e todos os irmãos viverem. Sonham em comprar um carrão pra curtir as baladas com os parças. Vocês resolvem ir jogar o Campeonato Brasileiro. Série D, Série C, Série B, Série A, a elite do futebol nacional. Orgulho da cidade, do estado. Seus pais espalham aos ...

Cansei de ser racional

Cansei de ser todo certinho, de pensar tudo, de ser tão racional.  Chega de achar que a meritocracia existe, que o trabalho é a chave de tudo. Chega de fazer contas, projeções, estatísticas, quantias trazidas a valor presente, pagamentos de juros e cupons. Abaixo os noticiários e os supostos especialistas, que sabem tanto ou menos que nós mesmos. Políticos eleitos com nossos votos, roubando nosso dinheiro. Ser um bom menino, comer todo o jantar para ganhar a sobremesa. Não pisar na grama, não fazer bullying, não esquecer o material escolar, não fazer malcriação pros pais. Vestir pijamas e pantufas para dormir, arrumar as almofadas e travesseiros milimetricamente na cama. Lavar a louça, lavar a roupa, pegar trânsito para ir trabalhar, trânsito para voltar, ouvir o Jornal da Manhã no rádio. Não baixar músicas ilegais, não baixar filmes nem seriados. Chega de falar mal do Trump, do Haddad, do Dória. De criticar o golpe, se foi ou não golpe, de bradar fora Teme...

A entrevista

Daquelas horas que a gente se imagina  famoso. Saiu do banho, desembaçou o espelho do banheiro. Com a escova de dentes na mão, olhou-se e começou a entrevista imaginária. - Estamos aqui com Jefferson, escritor do livro "Como sobreviver ao seu chefe e ao próximo apocalipse zumbi". E aí Jef (preferia ser chamado assim, não gostava do nome), vamos fazer um pingue-pongue rápido? - Claro Marília, manda ... - Um hobby ? - Cozinhar. - É mesmo ? Prato predileto ?  - Miojo com atum é o máximo que sei fazer... - Um filme ? - São tantos né Marilia? A Insustentável Leveza do Ser ... - Já assistiu ? Gostou ? - Não, nunca assisti. Só pensei que respondendo isso pareceria mais inteligente. - Assim não vale Jefferson ! - Jef, por favor... - Uma mania inconfessável? - Ficar descalço no trabalho. - Mas e o chulé ?  - Não tenho ... eu acho. - Uma música ?  - Marrom Bombom. Sabe Mari, posso te chamar de Mari? Os Morenos são um grupo muito...

Conto dos tempos modernos

Um conto montado de frases feitas , com uma história encaixando tudo... - Aguente firme, vai dar tudo certo. Foi o que disse para a amiga de longa data, que ela havia convidado para um happy hour, depois de muitas falsas tentativas. Por que será que demorou tanto pra reencontrá-la, elas que se davam tão bem desde sempre, que bem ou mal mantiveram contato esses anos todos.  Estava incomodada, angustiada até. Tantas coisas acontecendo, e ela sem entender exatamente o porquê de tudo. Por que ele disse aquilo, por que as ações não correspondiam ao esperado, por que não seguiam o script?  Não era para, uma hora dessas da vida, algo ter dado certo? Não que tivessem dado errado, pois afinal de certa forma era tudo o que tinha planejado. Carreira, casa bacana, solteirice convicta, home office uma vez por semana, short fridays, Um gato, com aquele ar meio cool que ela adorava. Vários termos em inglês. Mas tinha medo, medo de finalmente se encontrar, e descobrir que es...

Apresentem-se, ou a História da Evolução

Quase baseado em fatos reais, Em algum lugar no tempo, em alguma selva ou floresta, um grupo de primatas cuida de sua vida em seu território, marcado com urina, fezes e demais odores. Têm seu macho dominante, eventualmente contestado, às vezes batido e substituído por outro mais novo e forte. É um lugar privilegiado, com água e caça abundantes. Até por conta disso, certo dia são ameaçados por um grupo rival, que mostra seu cartão de visitas. Machos batem no peito, urram, mostram os dentes, exibem seus órgãos sexuais, como que mostrando que têm os maiores. Em outro lugar, em outro tempo, ex-colegas de escola criam um grupo em uma rede social para retomar o contato depois de tantos anos, quem sabe marcar um reencontro. Pedidos para apresentarem-se, mostram também suas credenciais. Fulano fez pós-graduação em uma caríssima escola, virou diretor de sei lá o quê. Siclano hoje trabalha na maior empresa de sua área, com filiais no mundo todo. Beltrano não poderá ir no dia marcad...