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Mostrando postagens de outubro, 2015

Universos Paralelos

Um astrofísico teria achado evidências da existência de universos paralelos ( notícia aqui ). Pela interpretação de universos paralelos, a grosso modo, cada coisa que poderia ter acontecido, cada escolha que foi feita de forma supostamente consciente, em algum lugar aconteceu efetivamente, Em algum universo paralelo eu virei um engenheiro mecatrônico, e fui construir robôs em uma indústria por aqui. Ou ido trabalhar em algum banco como a maioria foi. Em algum lugar me deu a louca na hora de preencher o manual da Fuvest, e optei por Educação Física. A esta hora estaria com algum time de crianças jogando algum campeonato escolar., sem fins de semana de descanso. Provavelmente me divertindo horrores. Em outro, não teria mudado de emprego e estaria até hoje no mesmo lugar desde que me formei. Talvez melhor, talvez pior... Poderia ter investido na menina que eu dava carona pra faculdade, e estaria no caixa de alguma padaria agora, com a caneta na orelha, perguntando se é débito ...

Sorria e Acene, ou as Técnicas de negociação que não se aprende na escola

Em um post anterior ( este aqui ), já havia escrito sobre uma importante tática de argumentação, a Defesa Chewbacca, utilizada principalmente em discussões de relações. Mas existe uma outra, de utilização bem mais abrangente, que pode ser aplicada nas mais diversas atividades humanas: a estratégia Sorria e Acene. Basicamente, essa teoria prega a empatia por meio gestuais que demonstrem a concordância com uma pessoa ou grupo social. Mais do que estender-se nas bases científicas da teoria, alguns exemplos de utilização serão muito mais elucidativos: No Mundo Corporativo: Reunião da empresa, apresentando os resultados do quadrimestre, e as perspectivas de crescimento: em caso de resultados positivos, balance a cabeça afirmativamente, com um leve sorriso. Resultados negativos: feição de consternação, e um leve balançar negativo. Use com parcimônia. Chefe pede para entregar seu trabalho antes do que o humanamente possível: sorria e acene que sim. Se vire depois para conse...

Salto Alto

Jurandir era um visionário. Tinha tino pros negócios, tudo em que se metia dava certo. Já tinha tido padaria, empresa de transportes, video locadora, sex shop, todas empreitadas um retumbante sucesso. Mas Jurandir tinha um fraco, mulheres. Mais especificamente, mulheres de salto alto. Visse um rabo de saia calçando um belo par de sapatos de salto, saía de si. Prometia mundos e fundos, falava em casamento, filhos e uma bela casa no campo, com carro importado na garagem. Uma vez perguntado sobre o que seria o Paraíso, não titubeou em responder: uma mulher vestindo salto alto vermelho, e um sobretudo. Sem nada por baixo. Esse predileção acabou sendo o motivo de sua falência, três casamentos e três divórcios depois, sete pensões alimentícias para pagar. Dizem as más línguas que em seu último casamento, no dia que a ex saiu de casa, escutou-se pelas paredes o pobre Jurandir implorando: "Leve tudo, menos o Loubotin". Ele adorava aquela sola vermelha. Às vezes, só de brincadeir...

Música te leva longe

Por mais clichê que pareça, e realmente é, música tem o poder de te levar longe, de te fazer voltar à época de quando ouvia e gostava daquela canção, trazendo de volta todas as coisas boas ou ruins. As minhas são mais ou menos essas: Sounds of Silence: domingos de manhã em casa, há uns 35 anos mais ou menos ... Você Não Soube Me Amar: da época que eu estava ainda no ensino fundamental, estudava de tarde e essa música tocava no caminho pro Colégio Agostiniano São José, no Le Baron de meus pais. Pais e Filhos: da época que ia pra POLI de manhã, curso que larguei depois de um ano. Traumática rs. Oops Up: quando comecei a dirigir o Voyage cinza da família, essa tocava direto no Bosch San Francisco. Sensacional. Nothing Else Matters: música da hora do almoço, McDonalds da Praça Panamericana. Under the Boarwalk : primeira vez que saí à noite. Red Red Wine: meus amigos da rua, Guarujá, meu primeiro campeonato jogando handebol. A m...

Pistolas ao Entardecer

Foi montada uma verdadeira operação de guerra. Afinal, havia sido um mês de férias na praia, e nada dele ter conseguido chegar na menina. Quer dizer, tinha dados os primeiros passos, tinha conversado com ela, ouvido seus problemas, todo o blá blá blá sobre o ex-namorado, mas já estava indo perigosamente para a friend zone, onde ele deixa de ser um pretendente e passa a ser um brother... E isso não era nada bom. Todo o esquema foi armado. Amigos mobilizados, teria que ser naquele fim de semana, ou não rolaria mais, o semestre seria duro, vestibular no fim do ano. Imediatamente lembrou dos filmes de bangue bangue que assistia com o avô, onde tudo se resolvia na base do duelo. - Escolha suas armas e o horário !  - Pistolas ao entardecer! Ia ser guerra. Tudo combinado, a turma toda se encontrou no calçadão. Um foi saindo, o outro também, até que ficaram apenas ele e ela. Sugeriu uma caminhada até as pedras, ela aceitou. Horário cuidadosamente escolhido para ocorrer junto ...

Creminho para as mãos

Carlos Alberto estava se sentindo incomodado. O clima seco desta época do ano, pensou, está deixando minhas mão ressecadas. A colega de trabalho, pra bagunçar com ele, ofereceu um creminho hidratante para as mãos. Relutante, ele acabou aceitando, e achou a sensação refrescante,libertadora. Aproveitou o horário de almoço para comprar um para ele. Aproveitou para levar lencinhos umedecidos, à base de aloe vera, e resolveu cometer uma extravagância. Compraria aquele gel para barbear importado, que prometia não  agredir a pele sensível do rosto.  À noite, mostrou para a namorada, com quem dividia um pequeno apartamento. Ela achou estranho, mas melhor não comentar, não queria soar preconceituosa nesse mundo politicamente correto de hoje. Aproveitou um dia mais tranquilo no trabalho para arrumar a mesa e gavetas, usando técnicas de feng shui. Encontrou um panfleto de um lugar com nome japa para cortar o cabelo. Passou lá após o expediente, onde foi atendido muito gentilme...

Seu Joaquim

Seu Joaquim é o pai do Tá, Gui, Henry e da Kelly. Marido da Tia Sueli. Foram nossos vizinhos por mais de trinta anos, em uma época em que se brincava na rua sem medo de ladrões. Nossas casas eram divididas por um muro baixo, e vivíamos uns na casa dos outros. O Seu Joaquim vendia queijos. Tinha uma Kombi, na qual ralava levando as mercadorias pra lá e pra cá. Mais tarde abriu sua própria fábrica.  Chamava todos nós de "Os Beto", nome de meu irmão do meio. Com eles passamos juntos várias férias no Guarujá, passeamos de calhambeque nas noites de Natal, fomos jogar bola de carona na Kombi, comemos sanduíche de carne louca e estouramos os bexigões com doces dentro nas festas de aniversário. A última vez que o vi foi no aniversário de minha mãe, eu estava convalescente de uma cirurgia, portanto em casa. Estava bem disposto, parecia contente, brincando com os meninos e conversando sobre a vida com meu pai. Quando o Tá ligou dizendo que ele tinha falecido, foi um choque ...

Quando o Estado não cumpre sua parte

Duas notícias do final de semana deixam claro que, quando o Estado não faz sua parte, sua obrigação na manutenção da ordem pública, alguém o fará. Na primeira, mais uma vez pessoas morrem ao se perderem e irem parar dentro de uma "comunidade" ( vejam aqui ). Dessa vez, uma empresária de 70 anos foi a vítima, ao ter escolhido no Waze a rua errada indo para uma festa. Não é a primeira vez que ocorre, os traficantes não perdoam intromissões em seu território. Dado que não é a primeira vez, conclui-se que a polícia sabe, o Estado sabe, e nada fazem a respeito. Exatamente a mesma coisa que ocorre em países do Oriente Médio, onde regiões e cidades são dominados por tribos ou facções religiosas. Repito, exatamente a mesma coisa, sem tirar nem por. Em outra, um sociólogo condena a reação de grupos de lutadores contra os arrastões no Rio de Janeiro ( aqui ), O tal sociólogo diz que a reação é o levante da direita ultraconservadora (sic). Primeiramente, sociologia no dos outr...