Pouco tempo atrás o nosso querido Brasil passou por um momento de euforia com as manifestações populares pelo país inteiro, inclusive com o apoio de milhares de brasileiros que moram fora, e que desconfio sejam loucos para voltar para cá, desde que o país lhes proporcionassem condições semelhantes às que têm lá fora.
Começou com os fatídicos 20 centavos, se alastrou e o rol de reivindicações aumentou, atingiu mais gente, e num piscar de olhos centenas de milhares de pessoas estavam nas ruas. Parecia o amanhecer de uma população mais engajada, cobrando seus direitos. Agora ninguém segura esse Brasil sil sil. Certo?
Errado. Infelizmente, as manifestações só tomaram o vulto que tomaram por uma conjunção de fatores altamente favoráveis: descontentamento popular, cobertura da mídia, violenta repressão policial. Mas da mesma forma que o movimento pegou fogo, se apagou. O governo sabidamente revogou o tal aumento de vinte centavos e suspendeu a votação da PEC 37, o MPL, organizador primeiro dos protestos, tirou o corpo fora dizendo que era mesmo só pelos centavos da passagem, e que as demais reivindicações eram uma tentativa da mídia fascista (sic) de esvaziar a "agenda", e a coisa toda se esvaiu.
Logo começaram a vender os ingressos para a Copa, e muita gente que estava lá na rua, protestando contra o uso de verbas públicas para a construção de estádios, foi lá correndo fazer sua reserva no site da Fifa, que já divulgou ser a Copa no Brasil um sucesso de vendas. Coerência? Pra que? E tome deputado preso mantendo seu mandato na Congresso!
E disso tudo, infelizmente o que vai sobrar mesmo são os 20 centavos. O gigante não acordou. Na verdade não existe gigante, o Brasil não é uma montanha no Rio de Janeiro que vai se levantar e sair andando pela baia de Guanabara. O Brasil somos nós, o povo. E, pelo menos no curto e médio prazo, vai ficar tudo do mesmo jeito.
E por que tanto pessimismo? Por que o povo em geral espera que tudo venha do Governo, esse ente milagroso, quase um Deus, que deveria estar resolvendo tudo por nós. Mas ninguém faz sua parte, todos sempre dão o famoso jeitinho brasileiro, a malandragem que aqui é admirada, mas que em qualquer outro lugar seria motivo de vergonha.
Fico desesperançoso toda vez que vejo gente engravatada comprando DVD pirata em plena Rua Joaquim Floriano, quando no trânsito vem aquele cara cortando todo mundo pela direita pra conseguir virar primeiro, e todos outros exemplos que até já escrevi em outro post, algum tempo atrás.
E não, nada será resolvido se o povo votar direito nas próximas eleições. Porque os candidatos serão pessoas como nós que, generalizações à parte, tentarão dar também seu jeitinho, em uma escala maior depois de eleitos. Exemplos existem aos montes de partidos, antes exemplos de ética, que mostraram sua verdadeira cara ao virar situação. E não vejo motivos pra pensar que isso será diferente.
Moral da história? Acho que nenhuma. De minha parte tentarei continuar sendo fiel a meus princípios e fazendo o que acho certo, mas sem ilusões de estar fazendo minha parte por um Brasil melhor. Farei isso por mim, e pelo exemplo que quero deixar para meus filhos, assim como meus pais deixaram pra mim.
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