Pular para o conteúdo principal

Faça algo


Uma estória que pode ou não ter acontecido...

Sábado, fim de tarde, começo de noite. O morador escuta, da janela de sua casa, uma criança gritando. Não dá bola no começo, crianças gritam o tempo todo, não é verdade?
Liga o chuveiro, só pra logo em seguida ter que desligar. A criança grita de novo... "Papai, mamãe. cadê vocês?". Deve ser uma criança perdida, ou até fazendo birra. Por via das dúvidas, se enrola na toalha e vai para o outro cômodo, de frente para a rua.
"Por favor, alguém me ajude!!!". Ele se arrepia todo, e sai, para a casa de onde imagina estarem vindo os gritos. Chama, mas ninguém atende. No imóvel ao lado, um estabelecimento comercial ainda aberto. Ele pergunta aos funcionários se estão ouvindo também , eles dizem que sim, mas não fazem nem fizeram nada. Idem para o segurança de um restaurante do outro lado da rua. Ele volta ao portão da casa suspeita, chama de novo, e desta vez um menino responde bem baixinho que não precisa de nada.
Pronto, tudo resolvido... não era nada de mais... Quer dizer, pode ser que alguém tenha ameaçado o menino, pode ser um sequestro, podem estar batendo nele. Lembra de seus filhos e sente um pavor, mas volta pra casa. Mal entra, e já está o menino de novo, dessa vez numa voz mais abafada: "Por favor, tem alguém aí ? Socorro ..  " Sai de novo e liga pra polícia.
Os policias chegam logo, em menos de 5 minutos. Batem no portão , conseguem falar com o menino, abrem a porta. Os pais haviam saído para "levar o cachorro pra passear", diz a criança. Um dos policias fica conversando com o menino, os outros fazem chamados pelo rádio e telefonemas.
Passa-se mais um hora até dois casais chegarem, talvez um pouco alterados. O menino, de uns 4, 5 anos, ficou quase duas horas sozinho. O cachorro estava com prisão de ventre. As viaturas saem.

Ele se pergunta, que tipo de pais deixam um menino de 4 anos sozinho por duas horas? Que tipo de vizinhos escutam uma criança pedindo socorro, e simplesmente não fazem nada ????? Absolutamente nada !!!! E se fosse um sequestro? Um assalto ? E se a criança tivesse caído e se machucado. E ele perde mais um pouco de fé na humanidade.

Ele pensa, se tiver algo que ele possa deixar para seus filhos, é ensiná-los a se importar. Se eles aprenderem apenas isso, já terá valido. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O consumo de sorvete e os afogamentos

Muito cuidado precisa ser tomado ao se analisar pesquisas e manchetes de jornais que associam alguma coisa a outra. Explico-me: quando lemos na internet que, por exemplo, comer vegetais faz a gente viver mais, é preciso ser crítico ao entender como se chegou no resultado, ou se apenas estão querendo chamar sua atenção com a manchete (como eu tentei fazer, inclusive). Quando estudamos duas variáveis, e percebemos que o movimento de uma acompanha o da outra, diz-se que as variáveis são correlacionadas. Por exemplo, em dias de maior número de afogamentos nas praias os vendedores de picolés também faturam mais. Isso quer dizer que sorvetes podem fazer você se afogar? Ou que as pessoas que estão acompanhando o resgate se entretém tomando um picolé? Para esse exemplo, é fácil perceber que em dias quentes tem mais gente nas praias, que tomam mais sorvete, e que também infelizmente acabam se afogando mais. Mas tomem a notícia abaixo: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/55

O Girassol e a Lua

Se eu fosse Esopo , escreveria algo mais ou menos assim... Era uma vez uma plantação de girassóis, nos confins da Holanda. Todos os dias, seguiam a mesma rotina, acordavam cedo, com o nascer do Sol, e realizavam todas suas atividades diárias. Tiravam água e nutrientes do solo, faziam sua fotossíntese, e giravam. Sempre lá, apontando para o astro rei, desde o amanhecer até que ele se escondesse.  Todos menos um, que preferia a Lua. Baladeiro, dormia o dia todo, pra ficar acordado de noite, na boemia, seguindo a Lua.  No princípio os amigos girassóis se solidarizavam com o companheiro dorminhoco, achavam que era algum tipo de doença ou distúrbio, e davam uma força girando o festeiro em direção do Sol. Até que um dia umas formigas bem das fofoqueiras começaram a fazer futrica, perguntando porque ajudavam o cara que ficava a madrugada toda bagunçando, tocando sambas do Pixinguinha e não deixando ninguém do formigueiro dormir em paz. Pararam de ajudar, e o girassol da noite co

A Lua - Emily Dickinson

Para um dia de lua cheia, como hoje The Moon by  Emily Dickinson   (1830 – 1886) The moon was but a chin of gold A night or two ago, And now she turns her perfect face Upon the world below. Her forehead is of amplest blond; Her cheek like beryl stone; Her eye unto the summer dew The likest I have known. Her lips of amber never part; But what must be the smile Upon her friend she could bestow Were such her silver will! And what a privilege to be But the remotest star! For certainly her way might pass Beside your twinkling door. Her bonnet is the firmament, The universe her shoe, The stars the trinkets at her belt, Her dimities of blue.