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Se eu fosse escrever um filme...


Se eu fosse escrever um roteiro de filmes, ia enchê-lo de clichês. Não ia querer ficar inventando, ou pensando em algo novo e criativo. Seguiria os clássicos, e depois só colheria os louros da vitória, quer dizer, os zeros à direita em minha conta corrente.
Teria alguém pendurado em um desfiladeiro, ou topo de um prédio de mais de cem andares, segurando-se apenas com uma mão, enquanto na outra agarrava uma bela moça, com grandes seios e camiseta branca molhada. O galã ergueria a bonitona como se levanta uma pena, para finalmente se salvar e ficar na beira, em uma distância nada segura do precipício, ofegante. 
Um duelo no velho oeste, pistolas ao entardecer. O agente funerário tirando as medidas dos competidores para o futuro caixão, uma donzela espiando pela janela do saloon. Atiram ao mesmo tempo, os dois caem, mas apenas o bandido é ferido mortalmente. O xerife sobrevive para duelar mais um dia.
Perseguição ao estilo polícia e ladrão, obviamente nas ruas de Los Angeles, cheias de subidas e descidas. Carros voando pelo ar, fazendo curvas ao melhor estilo drift. O carro da frente sempre mais potente que o de trás, mas inexplicavelmente mais lento.
Um jogo, de um esporte qualquer, desde que seja beisebol, ou futebol americano. Um time de perdedores, marginalizados, com menos recursos ou mais problemas que os demais, se une na presença de um novo treinador linha-dura, que no começo nem queria estar lá, mas descobre essa paixão pelos atletas. No jogo final, começam perdendo, mas conseguem a reação exatamente no último segundo. Funciona também com lutas de boxe.
A menina mais feia, que sofria bullying de praticamente a escola toda, um belo dia resolver parar de usar óculos e solta o cabelo, virando a mais gata de todas, virando popular, e ganhando o concurso de rainha do baile.
Um cadete rebelde porém talentoso, filho de um ex-figurão que morreu salvando metade do batalhão, ou vários parceiros de voo, recebe o treinamento de um sargento durão, que considera o cadete muito perigoso. Uma guerra (ou batalha aérea) explode, e o cadete acaba por salvar todo mundo, sendo carregado nos ombros dos colegas, e recebendo os parabéns do soldado certinho e rival de treinamento.


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