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Raiva


Tem dias que você não quer saber de bons modos, de falar bom dia a todos, de dar passagem no trânsito para quem quer mudar de faixa.
Que você não quer saber de auto-ajuda, que se alguém te pedir calma você fica mais irritado ainda, que você quer socar quem te fala que tem que pensar positivo, que assim só coisas boas virão.
Saber que se tem algo que te incomoda, então tem que fazer algo a respeito, traçar um plano de longo prazo... mas naquele dia, só naquele dia, você preferia mesmo resolver tudo na porrada, na ignorância, mesmo que seja para se arrepender depois.
Tem vontade de mandar calar a boca todos aqueles que têm aquele papinho falso, hipócrita. Aqueles que apenas fingem se importar com você, ou com qualquer coisa que seja. Quer maldizer a vida, suas escolhas, os acasos que nunca parecem bons o suficiente.
Você só quer ficar o dia inteiro em seu mundo, com os fones de ouvido ligados no máximo, só as músicas mais nervosas. Olhar todos com cara feia, pra ninguém se aproximar fingindo ser amigão antes de pedir alguma coisa. Ligar o foda-se, deixar para se importar apenas com o que importa.

Vez ou outra precisamos deixar os demônios sair. Mostrar que Michael Douglas até que pegou leve em seu Dia de Fúria,

Só aquele dia, pra no seguinte voltar ao normal, sorrir e manter as convenções sociais, que no fim das contas, são mesmo necessárias. Os outros não tem culpa de suas raivas, dos demônios que você carrega aí dentro. Só você mesmo. Ou como diria aquela música.... despite of my rage, I´m still just a rat in a cage.

Mas ninguém consegue segurar a onda em cem por cento do tempo. Ninguém.


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