Inflação. Inflação é o aumento generalizado dos preços de uma economia. No Brasil, medida entre outros pelo IPCA, que mede o índice de preços ao consumidor, e pelo IGP-M, que contempla também os preços do atacado.
Existem alguns fatores que levam uma economia a uma alta taxa de inflação:
- Déficit fiscal, ou seja, o governo gasta mais do que arrecada e essa diferença é bancada por emissão de dinheiro. Mais dinheiro circulando gera mais gente querendo comprar a mesma quantidade de bens, logo os bens aumentam de preço;
- Inflação inercial: se existem contratos ou acordos indexados à taxa de inflação, todo mundo já se prepara para o aumento que virá, subindo preventivamente seus preços. Por exemplo, se você é um industrial que sabe que a energia elétrica vai subir, que os salários de seus operários vão subir, então você já se prepara aumentando seus preços, o que por seu lado vai gerar mais inflação, aumentando ainda mais salários e tarifas.... Surge um círculo sem fim;
- Excesso de demanda ou escassez de oferta: se faltam produtos, seja por falta de produção ou excesso de compradores, a consequência é o aumento dos preços;
- Choques exógenos, tais como o aumento do valor de moeda estrangeira por conta da conjuntura econômica global, aumentos bruscos no preço do petróleo, etc.
Modelos de crescimento econômico indicam que quando um país opta por uma política desenvolvimentalista, como supostamente o PAC deveria ser, o mesmo está sujeito a aumentos temporários da inflação, mas que trazem como contrapartida o desejado crescimento econômico.
Na história recente da economia brasileira, o objetivo principal é manter a inflação baixa, as famosas metas de inflação. Para tanto, o governo tem como armas principais a taxa de câmbio e a taxa de juros. Como a taxa de câmbio deixou de ser fixa desde 1999, por conta da crise na Russia, sobra a taxa de juros. Juros altos seguram as compras a prazo, teoricamente diminuindo a demanda.
Aí que entra a parte divertida da história. Dos fatores inflacionários mencionados acima, estamos hoje no Brasil sofrendo de absolutamente todos eles. Só que o país está estagnado há anos. Falta de investimentos em infra-estrutura, crise de confiança dados os escândalos de corrupção, sucateamento da indústria local, etc, etc, etc, .... A tal taxa de crescimento do PIB vem esbarrando no zero há algum tempo, e crescimento zero em um país que a população aumenta em 2% nada mais é que queda.
Com isso, vivemos um dos piores cenários macroeconômicos possíveis, aquele que nenhum governante gostaria de lidar: a estagflação, que é um país com crescimento zero ou negativo, e ainda assim com inflação alta. Se a estagflação fosse um time de futebol, daqueles que derrota todo mundo, ela seria o Corinthians...
Como resolver? Não, não existe remédio milagroso. E o fato do governo tentar combater a inflação com aumento de juros só piora as coisas, contribuindo ainda mais para o desaquecimento econômico e queda do produto interno. A solução deveria vir de um misto de medidas, englobando ajustes nos gastos do governo, investimentos em infra estrutura, medidas microeconômicas de incentivo à economia local. Mas, com a crise política que o país vive, a chance de medidas mais austeras serem tomadas ficam cada vez mais complicadas. Tudo bem que o aumento do valor do dólar pode acabar, no limite, fazendo a balança comercial se equilibrar e produção local aumentar (dólar mais alto faz os produtos nacionais serem mais baratos para o mercado externo), mas a tendência é que esse equilíbrio por si só ocorra apenas no médio ou longo prazo. E como diria Keynes, no longo prazo estaremos todos mortos.
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