Pular para o conteúdo principal

Grandes momentos do Esporte: Interusp 2002


Da série: se fosse um roteiro de filme, não podia ter ficado melhor.

Depois de um desastroso 2001, o Hand FEA tentava se organizar melhor para o ano de 2002. Treinos uma vez por semana em horário bacana pra todos, importantes reforços, tudo levava a crer que seria um ano melhor.
O ano começou, e os resultados não vieram de imediato. Alguns tropeços em jogos fáceis, parecia que ainda não seria o ano do handebol feano despontar.
E nesse contexto, veio o Interusp. Primeiro jogo, uma quinta no último horário, aquele que todos já foram pra balada. E pra ajudar, poucas horas antes da peleja todos os uniformes do time foram roubados, junto com as mochilas de alguns jogadores. Tinha começado bem.
O jeito foi se virar com um uniforme reserva, e com os shorts do time de basquete, devidamente virados ao avesso para esconder os números. E o adversário na Sessão Coruja seria a Med Ribeirão, um time bem arrumado e que sempre causava problemas.
Apesar de não ter sido brilhante, e de ter levado o jogo equilibrado até quase o final, os feanos conseguiram arrancar a vitória por uma pequena margem de diferença. Obviamente, como em time que se está ganhando não se mexe, os uniformes velhos e shorts ao avesso continuariam até o final da competição.
Sábado à tarde, e na semifinal a FEA pegaria a temida Medicina. Até então a Medicina era o bicho papão, não perdia um jogo de Interusp há não sei quantos anos, e vinha com todos os figurões. Provavelmente, nem estavam dando muita pelota pro jogo, seria apenas mais um.
Já a FEA vinha confiante. Não aquela confiança do tipo "Vamos passar o carro", mas sim aquela mais modesta, tipo "Se os caras vacilarem a gente leva". 
E o começo do embate não foi lá muito animador. Lembrou o ano anterior, onde a FEA tinha tomado um sacode da Medicina logo na estréia. A porcada foi logo abrindo uma bela vantagem, e parecia que a casa ia cair novamente.
Mas aí entrou em cena a sagacidade do Prof. Veras... colocou em quadra o Edu (ou Alberto para os íntimos, que aliás depois desse jogo nunca mais deixou de ser titular), e mudou a marcação para tirar dois porcos no individual. E por incrível que pareça, a mudança surtiu efeito imediato, e logo a FEA equilibrou o jogo, e passou inclusive na frente do placar. Parecia que a Med não fazia a menor ideia que os feanos poderiam engrossar.
Acaba o primeiro tempo, FEA na frente do placar. A med (em minúsculas mesmo) voltou do intervalo disposta a colocar as coisas em seu devido lugar: "Ok, vamos jogar agora". O ataque veio mais esperto contra o estilo de marcação feano, e começou a fazer seus golzinhos. Mas aí entrou em cena o ataque canguru. Sem o medo de estar exagerando, pode-se dizer que naquele segundo tempo a FEA fez chover dentro do ginásio. 
Com o jogo chegando ao fim, só restou à porcada lamentar o fim de um ciclo. Todos os que assistiam, sem acreditar muito no que acontecia. Aliás, na própria preleção do prof., sábias palavras: "Hoje ninguém acredita em vocês, a não ser vocês mesmos e o pessoal da AAAVC". Na comemoração pela vitória, ginásio lotado, vários amigos muito queridos, de outras faculdades,  invadiram a quadra para celebrar junto com os feanos.
Bem que o filme podia acabar assim.... mas até pra não ficar muito inverossímil, na final a FEA, esgotada fisicamente e infelizmente já com aquele sentimento de dever cumprido, perdeu da sanfran. Mas isso acaba nem tendo muita relevância. 
Naquele Interusp, o Hand FEA foi a seleção brasileira de futebol de 1982. Não levou, mas encantou e deixou saudades.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O consumo de sorvete e os afogamentos

Muito cuidado precisa ser tomado ao se analisar pesquisas e manchetes de jornais que associam alguma coisa a outra. Explico-me: quando lemos na internet que, por exemplo, comer vegetais faz a gente viver mais, é preciso ser crítico ao entender como se chegou no resultado, ou se apenas estão querendo chamar sua atenção com a manchete (como eu tentei fazer, inclusive). Quando estudamos duas variáveis, e percebemos que o movimento de uma acompanha o da outra, diz-se que as variáveis são correlacionadas. Por exemplo, em dias de maior número de afogamentos nas praias os vendedores de picolés também faturam mais. Isso quer dizer que sorvetes podem fazer você se afogar? Ou que as pessoas que estão acompanhando o resgate se entretém tomando um picolé? Para esse exemplo, é fácil perceber que em dias quentes tem mais gente nas praias, que tomam mais sorvete, e que também infelizmente acabam se afogando mais. Mas tomem a notícia abaixo: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/55

O Girassol e a Lua

Se eu fosse Esopo , escreveria algo mais ou menos assim... Era uma vez uma plantação de girassóis, nos confins da Holanda. Todos os dias, seguiam a mesma rotina, acordavam cedo, com o nascer do Sol, e realizavam todas suas atividades diárias. Tiravam água e nutrientes do solo, faziam sua fotossíntese, e giravam. Sempre lá, apontando para o astro rei, desde o amanhecer até que ele se escondesse.  Todos menos um, que preferia a Lua. Baladeiro, dormia o dia todo, pra ficar acordado de noite, na boemia, seguindo a Lua.  No princípio os amigos girassóis se solidarizavam com o companheiro dorminhoco, achavam que era algum tipo de doença ou distúrbio, e davam uma força girando o festeiro em direção do Sol. Até que um dia umas formigas bem das fofoqueiras começaram a fazer futrica, perguntando porque ajudavam o cara que ficava a madrugada toda bagunçando, tocando sambas do Pixinguinha e não deixando ninguém do formigueiro dormir em paz. Pararam de ajudar, e o girassol da noite co

A Lua - Emily Dickinson

Para um dia de lua cheia, como hoje The Moon by  Emily Dickinson   (1830 – 1886) The moon was but a chin of gold A night or two ago, And now she turns her perfect face Upon the world below. Her forehead is of amplest blond; Her cheek like beryl stone; Her eye unto the summer dew The likest I have known. Her lips of amber never part; But what must be the smile Upon her friend she could bestow Were such her silver will! And what a privilege to be But the remotest star! For certainly her way might pass Beside your twinkling door. Her bonnet is the firmament, The universe her shoe, The stars the trinkets at her belt, Her dimities of blue.