Ano de 1989. Estava no 3o colegial, estudando em um colégio de padres extremamente rigoroso, onde o ato de rebeldia mais comentado de nossa turma havia sido não subir para a aula depois de um bedel ter chamado um aluno de "neguinho". Nesse contexto, aconteceria a primeira eleição para presidente depois de muitos anos.
O voto era opcional para cidadãos entre 16 e 18 anos. Eu, com 17 anos, fui obviamente tirar meu título de eleitor. Ainda era idealista, achando que podia mudar o mundo, todos esses clichês. E votei no Lula, um ex-operário que pregava o socialismo, a igualdade de classes. Pertencente ao PT, partido fundado por trabalhadores e intelectuais, que se orgulhava de ser um partido diferente, ético.
Fiz boca de urna, debatia política na escola, fui ser fiscal da contagem de votos. A derrota para Collor, e as condições em que a mesma ocorreu, com o tal debate final e a suposta edição tendenciosa da TV, só reafirmaram minha simpatia por Lula e pelo PT.
Três eleições mais tarde, Lula finalmente era o presidente do Brasil. Um misto de políticas assistencialistas com manutenção da política econômica vigente, e com um cenário externo extremamente favorável fizeram do governo Lula um sucesso, principalmente entre as classes de renda mais baixa.
Mas começaram as denúncias... corporativismo na distribuição de cargos, casos mal contados de corrupção. A imagem do PT foi definitiva arranhada no caso do mensalão, a mesadinha que o governo pagava para os deputados votarem a favor. Sem falar na quebra do sigilo do caseiro do sítio onde eram feitas as festinhas regadas a garotas de programa e negociatas.
O PT passou a ser um partido como outro qualquer.Lula, um político ainda carismático, mas aquele aura de ética havia ido pro espaço.
Mas hoje.... hoje foi a gota d'água. Lula foi à casa de Maluf acompanhar seu anúncio que iria apoiar a candidatura de Haddad, do PT, à prefeitura de SP. Sim, Maluf... aquele do "rouba mas faz", aquele procurado pela Interpol, aquela que era da ditadura militar.
Hoje, tanto malufistas quanto petistas "roots"estão de luto. Quanto a mim, aquele adolescente de 17 anos que votou pra presidente pela primeira vez em 1989 morreu. R.I.P. ética no política. Longa vida ao "Quem quer rir, tem que fazer rir". Que dia triste para todos nós.
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