1982 não foi nada fácil viu ? Os negócios iam de mal a pior, a família já não se dava tão bem depois do último Natal, quando o Tio Augusto bebeu um pouco mais que devia e se declarou pro marido da Tia Luiza, e na televisão o General Figueiredo continuava a aparecer, carrancudo, dizendo que não ia largar o osso. Pelo menos eu ainda tinha uma mulher, maravilhosa, que me amava. Quer dizer, me amou até lá por meados de maio. Um belo dia tocou o telefone, aquele ainda de disco, e tomei um sonoro pé na bunda. Aquela voz, outrora tão sensual, anunciou em tom solene que eu estava sendo trocado por um belo italiano, Paolo, 1.95 m de puro músculo, inteligente, rico, título de nobreza na Sardenha... pensando bem, até eu me largaria. Fiquei arrasado, e não tinha nem Netflix para eu passar as madrugadas maratonando séries. Só me restava tomar um Dreher, ou Cynar, afogar as mágoas em bebidas de qualidade duvidosa, entrar na minha Brasilia e sair dirigindo sem rumo por aí. Quer dizer, pelo qu...
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