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Você acredita em coincidências?

 


Será que alguém ainda lê um texto com mais de um parágrafo? Por via das dúvidas, escrevo pra mim mesmo. 

Primeiro parênteses: A Lei dos Grandes Números, sempre ela. Uma possível interpretação para a mesma é que, um dado fato que talvez possamos entender como coincidência, ou um sinal, na verdade nada mais é que a combinação de milhares ou milhões de observações de eventos, alguma hora iria acontecer. Deixo aqui mal explicado de propósito, pra chegar logo no tema. 

Segundo parênteses: na minha vida toda, sempre que ouvi "The Sounds of Silence", da dupla Simon & Garfunkel, era tomado por um sentimento grande de tristeza. A primeira memória que tenho dessa música é ver meu pai assistindo um show deles na TV, em um sábado ou domingo de manhã. Sempre associei essa música a meu pai indo embora deste planeta, sempre. Final dos parênteses.

No dia que meu pai faleceu, coube a mim ir buscar a roupa para trocá-lo, enquanto meu irmão cuidava da liberação do corpo. Não consigo imaginar o que passou na cabeça de minha mãe ao escolher a roupa. Eu já tinha passado por coisa semelhante quando pai da Dot faleceu, mas eu era muito novo, ainda não tinha noção da dificuldade daquilo tudo.

No caminho de volta ao hospital, resolvi não ouvir a rádio que eu ouvia sempre, não queria que nenhuma música ficasse carimbada com esse sentimento de tristeza e raiva. Sim, eu ainda ouço rádio no carro. Mudei de estação, e fiquei imaginando um texto para homenagear meu pai, que finalizaria com algo do tipo "se der, mande um sinal de onde você estiver". Sim, penso demais.... e sim, sempre fui uma pessoa bastante cética, muito mais que eu gostaria.

E quando acabo de pensar nessa última possível frase desse texto hipotético, eis que começa a tocar, nessa rádio aleatória, uma versão de Sounds of Silence, de uma banda aleatória, que eu nunca mais ouvi desde então.

Quais as chances de eu trocar de rádio e tocar a música na hora que eu pensava isso? Não deve ser difícil calcular, nem tão improvável quanto ganhar na Megasena, mas eu prefiro acreditar que foi o tal sinal.

...

Dias depois, uma mariposa preta, daquelas que dizem ser sinal de comunicação com o mundo espiritual, ficou um tempo na garagem de nosso apartamento novo, que meu pai nem chegou a conhecer. E, na mesma semana, outra mariposa preta estava na quadra onde eu treino handebol, quieta, sem se mexer. Um moço bem novinho, da idade de meus filhos, foi lá e com toda delicadeza a tirou e colocou fora de risco.

Ninguém viu, nem percebeu, mas me emocionei e agradeci meu pai pela visita.


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